segunda-feira, 20 de abril de 2020
A falecida
"A falecida", de Leon Hirszman (1965)
Adaptação da peça de Nelson Rodrigues, "A falecida" é o primeiro longa de Leon Hirszman, que o lançou em 1965, e também a estréia de Fernanda Montenegro no cinema. O roteiro foi escrito pelo próprio Leon e Eduardo Coutinho. Ambientado no bairro do subúrbio carioca de Sampaio, acompanhamos Zulmira (Montenegro), uma dona de casa casada com Toninho (Ivan Candido). Toninho está desempregado e gasta todas as suas economias na sinuca e nas apostas do futebol.. Zulmira consulta uma cartomante que diz para ela tomar cuidado com uma mulher loira. Zulmira acredita que a cartomante está falando de sua prima Glorinha, sua vizinha. Zulmira acredita que irá morrer em breve e quer que seu enterro seja o mais caro já visto no bairro. Ela vai até uma funerária e faz o orçamento do caixão mais caro. Após pegar uma chuva torrencial, Zulmira fica gravemente doente e diz a Toninho procurar um homem chamado Pimentel para ele doar o dinheiro para a compra do caixão.
Com uma magistral fotografia preto e branco de José Medeiros e câmera do craque Dib Luft, que trabalhou em muitos filmes do cinema novo, o filme é uma impressionate estréia na direção de Leon Hirszman, que comanda a narrativa com muita segurança e sem tornar o filme com cara de adaptação de peça teatral. O trabalho dos atores é brilhante, começando por Fernanda Montenegro e Ivan Candido. As participações de Paulo Gracindo, Nelson Xavier, Vanda Lacerda e Joel Barcelos também são dignas de nota. Pelo menos 2 momentos antológicos: a já clássica cena da chuva, com Zulmira tomando o seu banho que a prepara para o seu destino, uma cena linda, poética e muito bem filmada com câmera na mão. E o plano final de Toninho no estádio de futebol, quando ele desaba emocionalmente. Um momento sublime.
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