domingo, 5 de abril de 2020
Fotografando a Máfia
'Shooting the Mafia", de Kim Longinotto (2019)
Exibido em importantes Festivais como Berlin e Sundance, "Fotografando a Máfia" é dirigido pela cineasta irlandesa Kim Longinotto e expõe sem censura a vida e obra da famosa fotógrafa italiana Letizia Battaglia, nascida em Palermo, Sicíli em 1935.
O filme é dividido em 4 segmentos distintos: as famosas fotos de Letizia registrando as ações da Cosa Nostra, a Máfia italiana na Sicília, desde que ela começou a fotografar de 1970 aos dias de hoje; imagens de arquivo da vida social e cultural da Italia; cenas de famosos filmes neo-realistas; e a própria Letizia, dando depoimento aos 85 anos de idade, fumando um cigarro atrás do outro e explorando o seu trabalho como fotógrafa, sua vida pessoal e amorosa.
Quando Letizia tinha 12 anos, ela viu um homem se exibindo e se masturbando para ela. Letizia correu para casa e contou para seus pais, que desde então, a proibiu de sair de casa, Letizia sentiu-se presa e passou a sua infância reclusa. Aos 16 anos, ela se casou forçada. Teve dois filhos e aos 40 anos de idade, resolveu se libertar de sua vida de dona de casa ( seu marido a proibia de trabalhar fora). Ela se tornou fotógrafa de jornalismo, mas ao registrar as mortes de pessoas assassinadas pela Máfia, ela resolveu apostar nesse filão. Suas fotos exploram a crueldade do ser humano em fotos preto e branco. Ela dá um depoimento dizendo que a filha de uma mulher assassinada em uma foto pediu para que a foto fosse retirada de uma galeria que fazia exposição de fotos de Letizia: a mãe era prostituta e na foto, ela tinha sido assassinada junto de 2 rapazes gays. Ela queria dar um golpe na vende de drogas e acabou sendo morta.
Letizia expõe sua vida amorosa sem rodeios e sem tabus: quando se divorciou, resolveu ter inúmeros amantes, todos mais jovens do que ela, para aproveitar seu tempo perdido. Hoje em dia ela é casada com um fotógrafo 45 anos mais novo do que ela, e não tem problemas com isso, mesmo quando percebe que as pessoas viram os olhos para ela.
Letiza e a diretora Kim fazem do filme um libelo de empoderamento feminino, sobre a luta de mulheres pelo seu trabalho, que enfrentam preconceitos profissionais, o medo e a violência no seu dia a dia em prol da arte que tanto amam.
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