sexta-feira, 17 de abril de 2020
A grande arte
"A grande arte", de Walter Salles (1991)
Adaptação da obra homônima de Rubem Fonseca, "A grande arte" é o primeiro filme dirigido por Walter Salles e lançado em 1991. Até então, ele só havia dirigido documentários, publicidade e curtas. Reza a lenda que ele chegou a filmar um longa anterior a esse, mas não gostou do resultado e o arquivou. "A grande arte" jamais foi lançado em dvd. Não se sabe exatamente o motivo. Quando assisti na época do lançamento, fiquei estupefato com os movimentos de câmera aéreos, 2 dois deles viraram lenda no cinema: a do plano de abertura, que começa dentro de um quarto de um sobrado da Lapa, sai e prossegue pelo centro até ultrapassar o relógio da Central do Brasil. O outro acontece em um trem: um boliviano mata uma mulher, fecha a cortina do vagão, a câmera se afasta e segue pela paisagem. Tudo isso com o trem em movimento. O filme é por definição um policial noir: narração em off, mulheres fatais, assassinatos e um homem em busca de um criminoso que assassina suas vítimas com facas.
O roteiro foi adaptado pelo próprio Rubem Fonseca e Matthew Chapman,mas sofreu crítica de defensores do detetive Mandrake, protagonista do filme, que aqui se transformou em um fotógrafo americano (Peter Coyote). A razão dessa globalização foi a co-produção estrangeira. Mandrake está há 3 meses no Rio, hospedado em uma espelunca na Lapa. Ele fotografa anônimos da marginalidade: surfistas de trem, pivetes, traficantes e prostitutas. E é com uma delas que ele se envolve: Gisela (Giulia Gam), que diz estar de posse de um disquete que ela roubou de um cliente. Gisele é assassinada, mas o disquete some. Mandrake tem seu quarto invadido e sua namorada americana, Marie, estuprada. Em busca de vingança, ele vai atrás de Hermes (Tchéky Karyo), um assassino profissional especializado em lutas com facas especiais.
O elenco do filme é grandioso: Cassia Kiss, Tony Tornado, Maria Gladys, Raul Cortez, Paulo José, Tonico Pereira, Miguel Fuentes. Para quem gosta de um policial noir clássico, o filme é uma boa pedida. Pelo menos acompanhar a ótima fotografia de José Roberto Eliezer e a trilha sonora elegante do alemão Jürgen Knieper, compositor dos filmes de Win Wenders.
Detalhe: rever Giulia Gam e Cassia Kiss tão jovens e já tão talentosas, é um grande prazer. Pena que apareçam pouco.
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