domingo, 5 de abril de 2020

A árvore dos frutos selvagens

"Ahlat Agaci ", de Nuri Bilge Ceylan (2018) Nuri Bilge Ceylan é o cineaste turco mais celebrado da atualidade, tendo ganho vários prêmios em importantes Festivais. O filme concorreu no Festival de Cannes 2018, de onde Ceylan já saiu com diversas Palmas de ouro: melhor filme por “O sono do inverno”, melhor direção por “Os três macacos” e 2 vezes Prêmio do júri, por “Climas” e “Era uma vez em Anatólia”. “A árvore dos frutos selvagens” não recebeu nenhum prêmio em Cannes, e dividiu a crítica no mundo inteiro. Muitos criticarem o excesso de duração, e de fato, é o que mais pesa no filme. Boa parte dos seus filmes são longos, mas aqui é um excesso que não acrescenta em nada na dramaturgia, tornando tudo repetitivo e sem foco. Sinan (Dogu Demirkol) acaba de se formar como professor primário na Universidade da cidade grande. Conforme prometido para seu pai, ele retorna à cidade natal, que foca na zona rural da Turquia, uma cidade pequena. Chegando na cidade, ele já é confrontado com amigos de seu pai, que lhe cobram empréstimos em apostas de cavalos. Sinan descobre que o pai, o professor primário Idris (Murat Cemcir) entregou a casa onde mora com a esposa e filha para pagar as apostas. Sinan fica inconformado com o destino de sua família. Ele escreveu um manuscrito e precisa de dinheiro para mandar publicar. Sem chances de arranjar dinheiro com seu pai, ele procura outra forma de empréstimo. Ao longo de sua trajetória na cidade, ele revê antigos amores, antigos amores, o Ímã e um escritor famoso. Apesar do excesso de duração (190 minutos), é inegável a beleza das imagens, captada pelas lentes de Gökhan Tiryaki, fiel fotógrafo de Ceylan de todos os seus filmes. Ceylan reitera na sua filmografia a imponência da natureza diante da pequenez humana. São imagens grandiloquentes contrastando com a claustrofobia dos ambientes fechados da casa do protagonista. A cena final é de uma força estonteante: Sinan cavando um poço em busca de água, uma metáfora triste sobre a persistência diante do improvável. O filme expõe a dura realidade d avida de pessoas sem perspectiva de futuro, onde a rotina e a pobreza já parecem conformadas em suas vidas.

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