sábado, 25 de abril de 2020
São Paulo Sociedade anônima
"São Paulo Sociedade anônima", de Luís Sérgio Person (1965)
Clássico do cinema brasileiro de 1965, 'São Paulo Sociedade anônima" é o longa de estréia de Luís Sérgio Person. Uma crítica feroz à impotência do homem de classe média que busca um lugar ao sol em uma Sao Paulo dominada pela chegada de indústrias estrangeiras. O governo incentivava a industrialização no País e São Paulo é a capital aonde todos buscam uma chance de ficar rico. Carlos (Walmor Chagas) trabalha na Voskgwagen, no setor de controle de qualidade. Ao se aproximar de um fornecedor, o italiano Arturo (Otelo Zeloni), Carlos se deixa envolver com as falcatruas dele e acaba saindo da empresa e se juntando na empresa de auto-peças do italiano. Carlos vai conseguindo juntar dinheiro, ao mesmo tempo que precisa administrar uma empresa fraudulenta, onde boa parte dos empregados não são registrados. Paralelamente, Carlos se envolve com 3 mulheres: Ana (Darlene Glória), uma mulher consumista que só quer aproveitar a vida; Hilda (Ana Esmeralda), uma intelectual amante das artes que humilha Carlos por ele não ter cultura; e Luciana (Ewa Wilma), filha de burgueses com quem Carlos acaba se casando e tendo um filho. Com todas as 3, Carlos é infeliz.
O filme tem uma estrutura narrativa toda desfragmentada: ele começa pelo final, com a separação e fuga de Carlos de seu casamento com Luciana, e daí vai para o início de sua história, percorrendo 5 anos de sua vida, de 1957 a 1961. O filme tem uma fotografia em preto e branco de Ricardo Aronovich, um Mestre que fotografou "Os fuzis" de Ruy Guerra e "O Baile", de Ettore Scola. A câmera na mão e os enquadramentos são muito bem orquestrados, trazendo um preto e branco opressor de uma São Paulo repleta de solidão. O filme traz influências do cinema existencialista de Antonioni, que também fala do homem em crise consigo mesmo diante de uma imensidão de uma grande cidade. O filme tem muitas cenas antológicas, mas a que mais admiro é a da família cantando dentro do carro de férias e de repente Carlos canta "O hino da bandeira": é uma cena muito simbólica e bastante intensa.
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