terça-feira, 21 de abril de 2020
Anna Karina: para você lembrar
"Anna Karina, souviens-toi", de Dennis Berry (2017)
Documentário obrigatório para fãs da nouvelle vague, fãs de Godard e claro, fãs de uma das maiores musas do cinema francês, Anna Karina. O filme é dirigido por Dennis Berry, diretor e ator americano com quem Karina foi casada de 1982 a 2019, ano de sua morte, aos 79 anos de idade. Dennis, curiosidade, foi casado com as duas musas de Godard: de 72 a 79 casou-se com Jean Seberg.
O filme apresenta a própria Anna Karina, 2 anos antes de seu falecimento, dando depoimentos em uma sala de cinema e vendo cenas de seus filmes e peças de teatro. A narração é de Dennis Berry, que narra em tom de carta de amor à sua mulher amada, com quem ficou casado há 27 anos.
Anna nasceu em Copenhague, em 1940. Sua mãe flagrou o pai de Anna, um capitão, cm uma amante e se separou dele. A mãe de Anna a maltratava, não lhe dava carinho nem preparava refeições para ela. Quem cuidava dela eram seus avós. Com a morte da avó e a partida do avô para trabalhar fora do país, a mãe de Anna casou-se novamente. O primeiro padrasto era apaixonado por discos de jazz e Anna ficava ouvindo em casa e se apaixonando por música americana. Anna, criança, foi trabalhar como vendedora de jornais na rua e com o dinheiro, ia para as salas de cinema assistir a musicais, sua grande paixão. O próximo padrasto baia nela, e Anna tomou a decisão de sair de casa e ir tentar a sorte em Paris, com pouco dinheiro no bolso e sem falar francês. Para sua sorte, uma agente de uma agência de modelos va viu na rua, toda suja, mas viu nela uma beleza rara. Logo, Anna foi trabalhar como modelo fotográfica de revistas e desfiles de moda. Coco Chanel se encantou com Anna e perguntou o nome dela: Hanne Karin Bayer. Coco pediu para que ela usasse um nome artístico, e a batizou de Anna Karina. Anna sempre teve sonho de ser atriz. Estrelou vários comerciais, e um comercial de sabonete Palmolive chamou a atenção de Godard. Ele a convidou para uma ponta em que tinha que estar nua em ‘Acossado”, mas como a própria Anna diz: “ele usava óculos tão escuros que eu tinha medo dele. Recusei.”. Um mês depois, ela recebeu outro telegrama de Godard, e ela achava que ela vingança: mas ele queria convidá-la para estrelar seu próximo filme, “Le petit soldat”. Foram as filmagens mais longas de um filme de Godard, pois ele tinha medo de perder Anna Karina e nunca mais vê-la. No último dia de filmagem, ele lhe mostrou um papel com a mensagem: ‘Eu te amo”. A partir daí foram morar juntos. Godard a apresentou a cineastas e intelectuais. Se casarm em 1961. Filmaram muitos longas juntos. Agnes Varda celebrou o amor dos dois em um curta que existe dentro de “Cleo de 5 às 7”. Godard morria de ciúmes de convites de outro cineastas para Anna Karina protagonizar os filmes, e frequentemente dizia para ela não fazer. Esses convites começaram a se tornar mais frequentes depois dela ter ganho o Urso de Ouro em Berlin por “Uma mulher é uma mulher”. Jaques Rivette, Volker Schloendorff, Anna começou também a interpretar para palcos de teatro. Em 1967, passou a integrar manifestações políticas e feministas pela Europa. “Made in Usa”, de 1966, foi a última parceria de Anna com Godard e o fim do relacionamento. No ano seguinte, ela foi convidada pelo diretor e Pierre Koralnik a protagonizar um musical, com letras de Serge Gainsburg. Anna sempre sonhou em fazer musicais, e para o filme, ela aprendeu a cantar e dançar. E o filme, Anna", em sua homenagem, foi um grande sucesso. Em 67, ela filma com Visconti e Marcello Mastroiani em “O estrangeiro”. A partir dai, Anna começou a seguir carreira internacional. Ela chegou a trabalhar com George Cukor, que para ela, é um dos seus diretores preferidos, tendo assistido a todos os filmes dele quando criança e adolescente.
Em 1973, Anna Karina se torna a primeira atriz francesa a dirigir um filme: “Vivre ensamble” foi rodado em Nova York, e relata uma vida a dois com altos e baixos. O filme foi selecionado para Cannes, e Anna recebeu uma carta de François Truffaut, dizendo-se encantado pelo filme e estimulando para que ela continuasse a dirigir mais. Anna ornou-se romancista, escreveu vários livros e em 97, retornou aos palcos atuando em uma adaptação de um texto de Ingmar Bergman. No ano seguinte, ela fez pela primeira vez uma turnê musical, viajando pela Europa e Japão. Seu produtor musical disse para ela, encantado: “Você viu que na plateia tinham várias meninas vestidas como a sua personagem de “Pierrot le fou’?
Tenho que dizer que fiquei muito encantado com o filme, e certamente vou querer assistir a todos os filmes citados nele. É uma declaração de amor ao cinema.
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