sábado, 18 de abril de 2020

O olho mágico do Amor.

"O olho mágico do Amor" de José Antonio Garcia e Ícaro Martins (1982) Que delícia eram os anos 80 no cinema brasileiro da Boca do Lixo. filmes totalmente pervertidos, repletos de fetiche, sacanagem, explorando as taras de pessoas comuns que entre quatro paredes, extrapolam os seus desejos. "O olho mágico do Amor" é um dos grandes clássicos dessa época, e a sua importância se deve ao combate do caretismo implementado pela dupla de cineastas e roteiristas recém formados pela USP em seu filme de estréia. Lembrando que esse filme foi rodado ainda durante a ditadura. Como esse filme conseguiu ser liberado pela Censura, é um grande mistério. O filme também é histórico por ser a estréia de Carla Camurati no cinema, que chegou a rodar mais 2 filmes com a dupla: "Onda nova", e "A estrela nua". São filmes que jamais teriam sido rodados hoje em dia, tal o desbunde, a entrega dos atores e das celebridades envolvidas no filme, todos em cenas de alta sacanagem explícita: Arrigo Barnabé, Jorge Mautner, Sergio Mamberti e Cida Moreira. Para ter uma idéia: Tem uma cena que Vera (Camurati) dá um banho no seu pai que chega bêbado: ela tira toda a roupa dele e o ensaboa da cabeça aos pés, com muita sensualidade. Parece até pela expressão do pai que ele está em êxtase. O filme é uma metalinguagem que brinca com o universo do próprio cinema e do voyeurismo: Vera é uma mulher tímida e recatada. Ela procura por emprego e acha na Boca do Lixo, em um escritório da sociedade dos ornitólogos. Entediada com o trabalho de secretária, ela é flertada constantemente pelo patrão, Prolíxenes (Mamberti). O patrão lhe deixa a chave do escritório. Vera descobre que no apartamento do lado existe um quarto onde uma prostituta, Penélope (Tania Alves) atende os seus clientes. excitada com esse universo que desconhece, Vera abre um buraco que lhe permite assistir as cenas de transa. O filme é uma mistura das idéias de "A bela da tarde" e de "Psicose" uma mulher que vai descobrindo a sua sexualidade, através do submundo da Boca do Lixo, e o buraco que de certa forma, representa a câmera do cinema, o olho que tudo vê. Tânia Alves e Carla Camurati :estão totalmente desprovidas de qualquer tipo de pudor, fazendo cenas intensas de muito erotismo, sem ser pornô. Os diálogos são tão exculachados que eu ri quase o filme todo.

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