terça-feira, 31 de março de 2020

A próxima vítima

"A próxima vítima", de João Batista de Andrade (1983) Clássico policial brasileiro, baseado em fatos reais e com o roteiro escrito pelo célebre roteirista Lauro César Muniz. A direção é de João Batista de Andrade, realizador da obra-prima "O homem que virou suco". A fotografia é de Antônio Meiiande, que já tinha trabalhado em várias pornochanchadas e trouxe uma atmosfera de decadência à noite de São Paulo, no bairro do Brás. O elenco é de feras: Antônio Fagundes, Louise Cardoso, Gianfrancesco Guarnieri, Othon Bastos e os vencedores de ator coadjuvante e atriz revelação em Gramado, Aldo Bueno e Mayara Magri, estreando nas telas. Ambientado em 1982, durante as eleições para Governador, logo após a anistia, retrata, além do ambiente político, os assassinatos de prostitutas no bairro do Brás, por um serial killer. Os crimes são abafados pelas eleições. O repórter David (Fagundes) é enviado pelo seu redator chefe, Goulart de Andrade (interpretando a si próprio) para cobrir os crimes. David vai a contragosto, pois gostaria de cobrir as eleições. David é um homem honesto e politizado. Ele luta por melhores dias e também defende a classe marginalizada. Assim que ele conhece a jovem prostituta Luna (Magri), por quem se apaixona, ele abraça a matéria, pois teme que ela seja a próxima vítima. A delegado da polícia quer colocar a culpa no namorado de uma das prostitutas (Aldo Bueno), só pelo fato dele ser negro. David quer defendê-lo, dizendo que ele não é o assassino, mas a polícia insiste em prender o rapaz. Um filme bastante ousado para a época, retratando racismo, misoginia, machismo e jornalismo sensacionalista, além de policiais corruptos. O filme foi rodado durante a campanha eleitoral, quando os candidatos ao Governo de São Paulo eram: Franco Montoro, Janio Quadros, Lula, Ulisses Guimarães, entre outros. São imagens documentais, uma característica do cinema de João Batista de Andrade, que em todos os seus filme,s traz esse olhar investigativo, incluindo a população real nas imagens, como testemunhas oculares da ação. A mensagem que o filme traz é bastante pessimista: podem trocar o governo, pois tudo continuará igual. O elenco está excelente, muitos elogiam esse como sendo o melhor trabalho de Fagundes. Duas cenas antológicas: a que envolve Aldo Bueno sendo entrevistado por Fagundes, e a cena de Guarnieri em seu puteiro, cuidando de uma paciente ( ele também é dentista) enquanto as prostitutas ao fundo tranam na cama.

2 comentários:

  1. Grande filme de JOão Batista de Andrade,thriller ficção de bastidor documental politico no período de mudanças institucionais após a ditadura, tá tudo a céu aberto, como na eleição de Tancredo Neves. O poder detesta a Democracia

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