segunda-feira, 23 de março de 2020
M, o vampiro de Dusseldorf
"M - Eine Stadt sucht einen Mörder", de Fritz Lang (1931)
Considerado pelo Cineasta alemão Fritz Lang o seu melhor filme, "M- o vampiro de Dusseldorf"é livremente inspirado no serial killer Peter Kürten, que nos anos 20 aterrorizou a cidade alemã, sequestrando e matando dezenas de crianças.
Considerado por críticos da Alemanha como o filme mais importante já produzido no País, foi realizado durante a República de Weimar, e o roteiro foi escrito a 4 mãos, por Fritz Lang e sua esposa, Thea von Harbou.
É possível assistir a essa obra-prima de duas maneiras: literalmente, acompanhando os crimes do serial killer Hans Beckert (Peter Lorre, magistral) pelas ruas de Dussledorf, o seu esquema para seduzir suas vítimas e de como a cidade, interligada pela primeira vez entre a Lei e o crime organizado, juntam forças para prender o criminoso. Ou podemos assistir a um filme que retrata metaforicamente e assustadoramente visionário, sobre a ascenção do Nazismo na Alemanha, a perseguição a judeus e classes marginalizadas da sociedade, como mendigos, prostitutas e doentes mentais, que é a categoria onde se encaixa o personagem de Peter Lorre. A forma como Fritz Lang, brillhantemente induz o espectador a essa verdadeira caça às bruxas, é mercando a letra "M"nas costas do assassino, que era como os judeus foram marcados na Alemanha nazista, com a estrela de Davi.
O filme faz um relato brutal sobre o Poder do Estado e o Poder do Cidadão, todos se achando capazes de julgar uma pessoa comum. Nessa roda vida de autoridades, discute-se a questão da Maldade, tanto dos que matam, quanto aqueles que governam e induzem outras pessoas a praticarem atos ilícitos. Na sequência quando Hans se esconde em um prédio, os criminosos invadem os apartamentos, sem qualquer autorização, quebrando e maltratando os moradores, assim como foi feito no Governo nazista. As crianças no filme têm sobrenomes judeus. Fritz Lang foi bastante corajoso ao realizar esse filme, que logo foi proibido de circular na Alemanha. Tanto Lang quanto Peter Lorre, com ascendência judia, fugiram para os Estados Unidos, temendo represálias.
O filme é repleto de cenas antológicas, mas destaco duas, que são verdadeiras aulas de cinema, até hoje impressionam pela precisão de como foram realizadas: A da aparição do assassino, somente sua sombra, sobre um poster escrito ASSASSINO. A outra, é a do famoso julgamento, uma aula de interpretação de Peter lorre, que tenta se defender dizendo que o impulso de matar fala mais alto e ele não devera ser punido por esses desvios de conduta da qual ele não consegue ter domínio. Obrigatório.
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