quarta-feira, 18 de março de 2020

Doramundo

"Doramundo", de João Batista de Andrade (1978) Adaptação do clássico romance de Geraldo Ferraz, lançado em 1957, esse longa adaptado e dirigido por João Batista de Andrade ganhou 3 Prêmios no Festival de Gramado em 1978 : Melhor filme, Diretor e desenho de produção. Dois anos depois, em 1980, João Batista de Andrade viria a lançar a sua grande obra-prima, "O homem que virou suco", com José Dumont. Ambientada na fictícia cidade de Cordilheira, no interior de São Paulo, no ano de 1939, o filme teme como pano de fundo os operários que trabalham na ferroviária que liga a cidade ate o Porto de Santos. Um serial killer age na região, matando homens solteiros, com uma barra de ferro. O assassino disfarça os crimes como se fossem acidentes na linha do trem. A população fica alarmada. O delegado decide convocar prostitutas para a cidade, pois acredita que o assassino é um homem casado que quer se vingar dos homens solteiros por estarem transando com sus esposa. Na época que o livro foi escrito, era evidente a relação que o escritor fazia com o Estado Novo de Getúlio Vargas, e o assassinato de pessoas contra o Governo. João Batista de Andrade faz o mesmo ao lançar o filme em plena Ditadura militar no Brasil, uma alegoria sobre o assassinato de revolucionários. O assassino é uma figura anônima, jamais identificada. Ao Governo, cabe acobertar tudo com algum que distrai a população, no caso do filme, seriam as prostitutas. O elenco é um dos pontos chaves dessa ótima produção: Irene Ravache, Armando Bogus, Antonio Fagundes, Rolando Boldrin, Denise del Vecchio. Oney Cazarré estão excelente em seus papéis. A fotografia de Antonio Meliande impressiona pela atmosfera de pesadelo que ela imprime. Meliande foi um dos fotógrafos mais ativos na época da pornochanchada. Destaque também para a direção de arte, precisa e atuante para contar a história.

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