sexta-feira, 6 de março de 2020
Jovens polacas
"Jovens polacas", de Alex Levy-Helle (2019)
Livre adaptação do livro da historiadora Esther Largman, com título homônimo, "Jovens polacas" é um filme que mistura linguagem e estética para contar a trágica história de "escravas brancas" judias, mulheres que vinham de países do Leste Europeu no início do Século XX com a promessa de vida nova no Brasil e Argentina e chegando aqui, se viram obrigadas a se prostituir. A própria comunidade judaica vê esse momento da história com desdém, querendo apagar da história. Cabe ao jornalista Ricardo (Emilio Orciollo Netto) resgatar a história esquecida dessas tristes mulheres enganadas e violentadas do seu lar por homens broncos que as obrigavam a se prostituir e ainda roubavam seu dinheiro. Ricardo vai para um asilo de idosos israelitas, onde trava uma cena impagável com a atriz Berta Loran. Ela indica Mira (Jacqueline Laurence) para dar depoimento. Mira evita de dar depoimento, pois não quer remoer seu passado. Mas aos poucos resolve trazer `atona histórias de sua mãe e de suas "tias", e de como ela conseguiu escapar de se tornar uma prostituta, graças à sua mãe.
O filme visivelmente é um produto de baixo orçamento: enquadramentos fechados nos ambientes, pouco elenco e figuração. A direção de arte e figurinos faz milagre para retratar as várias épocas apresentadas na história. Para fugir ao conceito de filme esteticamente pobre, o cineasta Alex e seu fotógrafo recorreram a recursos estilísticos que disfarçam o orçamento: desfoque, planos estilizados, filtros, uma atmosfera onírica e que muitas vezes remete à pinturas. Funciona, e o filme é bonito. A trilha sonora intensifica o drama das mulheres, e o desfecho, no cemitério israelita, é emocionante. O filme ainda consegue espaço para introduzir uma personagem, a namorada do jornalista Ricardo, que chega em cena para fazer um discurso sobre o papel das mulheres em vários momentos históricos e a importância do engajamento da nova geração que não deve se deixar subjulgar pelo machismo e pela sociedade conservadora.
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