sábado, 21 de março de 2020

O poço

“El hoyo”, de Galder Gaztelu-Urrutia (2019) Atenção: esse filme não é recomendado para pessoas sensíveis nem depressivas. Nesse momento de quarentena, só assista ao filme se você não tiver questões morais com uma ficção distópica que metaforicamente, muito se assemelha ao que estamos vivendo nesse período de quarentena: falta de solidariedade, confinamento, falta de comida, futuro incerto. O filme lembra bastante do curta de Dennis Villeneuve, "Próximo piso", de 2008. Em um futuro incerto, a sociedade distópica vive um terrível momento de falta de comida, e passa isso, o Governo faz uma seleção natural entre os habitantes do planeta. Todos passam por uma entrevista, e dependendo do resultado, a pessoa acorda em um determinado nível de um poço. A idéia é que os “Organizadores” preparam um elevador onde são colocadas comida e bebida, e esse mesmo elevador desce e em cada nível, ele fica por 2 minutos, até descer para o próximo nível. Cada nível possui 2 pessoas, e elas devem comer o suficiente para que a comida chegue no último nível e alimente quem está lá. No entanto, a cobiça e a ganância fazem com que a comida já acabe logo nos primeiros níveis, deixando para os que estão abaixo a comida já devorada e degustada. Cada pessoa pode levar para a sua cela um objeto pessoal. Muitos fazem uso desse objeto pessoal para se protegerem, pois na falta de comida, o outro pode ser devorado. De tempos em tempo, um gás surge e a pessoa desmaia, acordando em um outro nível. Goreng (Ivan Massegué) é um dos prisioneiros do poço. Ele traz consigo o livro de Miguel de Cervantes, ‘Dom Quixote”, para surpresa de seu companheiro de cela, Trimagasi (Zorion Eguileor), que traz uma faca. Goreong procura uma forma de fugir do lugar. Trimagasi diz que é impossível, e faz Goreng entender de que precisa se adaptar às regras do lugar, se quiser sobreviver. O filme possui cenas fortes de canibalismo e de violência extrema. Escrito e dirigido por Galder Gaztelu-Urrutia, e com ótimas performances do elenco, “O poço” é a metáfora sobre a reconstrução da humanidade, em um mundo onde falta solidariedade e compreensão, e sobra individualismo e ganância.

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