quinta-feira, 26 de março de 2020
Mar de rosas
"Mar de rosas", de Ana Carolina (1977)
Longa de estréia da então documentarista e curta-metragista Ana Carolina, lançado em 1977, "Mar de rosas"impressiona em um primeiro momento pelo seu elenco estelar: Norma Benguell, Hugo Carvana, Cristina Pereira, Miriam Muniz, Ary Fontoura e Otavio Augusto. Todos participando do delírio surrealista e iconoclasta que veio da mente de Ana Carolina, autora do roteiro, e que provavelmente buscou referências em artistas surreais, encabeçado por Bunuel.
O filme é uma crítica feroz de Carolina contra a instituição da família, do patriarcado, das amarras de um sistema vigente que obriga a seguir regras e condutas ( metáfora da ditadura vigente no período das filmagens). Betinha, interpretada por uma enfurecida Cristina Pereira, representa a nova geração, aquela que quer romper com os grilhões do conservadorismo e do militarismo, que sua mãe, Felicidade (Norma Benguell) representa, impondo regras para a menina.
O filme começa com Sérgio (Hugo Carvana) dirigindo o carro com Felicidade e Betinha, esposa e filha, de São Paulo até o Rio de Janeiro. O casal discute a relação, e Betinha desabafa. A família para no caminho e se hospedam em um hotel. Durante uma nova discussão, Felicidade acaba matando Sérgio à navalhadas. Ambas fogem, mas no caminho esbarram com Orlando (Otávio Augusto), um homem que se prontifica a ajudá-las quando Felicidade se acidenta em um posto de gasolina ( Betinha acendeu fogo para queimar sua mãe). Eles param em uma cidade e lá conhecem o casal Dr Dirceu (Fontoura), um dentista e poeta fracassado, e Dona Niobi (Muniz).
O filme tem uma linguagem narrativa totalmente desfragmentada, costurada por delírios de Betinha. Não é um filme para todos os gostos, mas certamente, é um trabalho inquietante e que mostra, h;a quase 35 anos atrás, a força do cinema feminino, contando histórias de empoderamento e de libertação.
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