sexta-feira, 20 de março de 2020

Martin Eden

"Martin Eden", de Pietro Marcello (2019) Vencedor do Prêmio de melhor ator no Festival de Veneza 2019 para o italiano Luca Marinelli, "Martin Eden" é a adaptação da obra escrita pr Jack London em 1909. A obra Martin Eden, para muitos críticos, seria uma biografia da própria vida de Jack London: morreu jovem aos 40 anos de idade, viveu no submundo: foi ladrão, marinheiro, militante socialista, jornalista, correspondente de guerra. O diretor Pietro Marcello fez uma linda versão bastante autoral da obra. Documentarista, trouxe o olhar da câmera do documentário para o drama. Filmado em 16 MM ( câmera que registar em película e por ser leve, permite movimentos de câmera na mão). A fotografia, granulada, mescla às imagens de arquivo e também, a várias cenas de filmes de época, numa belíssima composição, poética, lírica, ressaltada pela trilha sonora de Marco Messina e Sacha Ricci. Pietro ainda subverte na época do filme: não é claro e que momento histórico preciso o filme se passa, pois Pietro mistura sonoridades e a direção de arte parece flutuar sobre épocas distintas. A trilha combina música dos anos 50, 60 e ritmos eletrônicos. Martin Eden é um marinheiro pobre que sai de casa para tentara sorte em Nápoles. Lá, ele vai morar com sua irmã, casada com um homem bronco. Quando Martin salva um rapaz de apanhar no porto, este o leva até sua casa, para apresentá-lo à sua família. Para surpresa de Martin, a família do rapaz é aristocrática e burguesa. De imediato, Martin e a filha do casal, Elena, se apaixonam. Mas existe uma enorme barreira socio-cultural-econômica entre eles. Martin promete à Elena que irá estudar e ler muitos livros para poder ascender socialmente. Mas a convivência de Martin com a pobreza e os operários fazem ele querer escrever relatos crus em sua literatura, e tenta vender para as editoras. À medida que Martin vai se aprofundando no socialismo e na vida da classe operária, mais ele vai se afastando de Elena e de seu modo de vida. Um filme cruel, trágico e que apresenta um eterno dilema entre a luta de classes, aqui acrescido de uma história de amor impossível. A cena em que Martin leva Elena à força para conhecer o submundo é antológica. É um filme elegante, requintado e com uma proposta estética muito interessante. Lindos os planos e os movimentos de câmera quando e aproximam do rosto dos personagens. Luca Marinelli, talvez o maior galã da Itália, empresta o seu belo rosto para um personagem sedutor, mas que ascende não pela beleza, mas sim, pelo seu desejo de querer ter uma voz própria nesse mundo.

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