terça-feira, 24 de março de 2020

Prelúdio para matar

"Profondo rosso", de Dario Argento (1975) Um dos maiores clássicos do cineasta italiano Dario Argento, para muitos fãs, o seu melhor filme ( eu particularmente gosto mais de "Suspíria"). Lançado em 1975, o filme tem como protagonista o ator inglês David Hammings, que trabalhou com Antonioni na obra-prima “Blow up, depois daquele beijo”. Repleto de referências ao cinema de Hitchcock, de onde Argento busca “Psicose” , entre outros, traz uma elaborada e complexa trama sobre traumas que rondam o assassino, que somente descobriremos quem é no último minuto. Em seus filmes, Argento adora brincar com o “who dunit”, que é o jargão “quem matou”, e lança mão de várias pistas falsas. David é Marcus, um professor de piano que trabalha no conservatório em Roma. Ao retornar para casa d enoite, ele testemunha uma médium ser assassinada na janela de seu prédio. Marcus não consegue ver o assassino, mas ao ter sua foto estampada no jornal, acaba se tornando seu próximo alvo. Com a ajuda da jornalista sensacionalista Gianna (Daria Nicolodi, que viria a se casar com Dario Argento, pais de Asia Argento), eles procuram descobrir a identidade do assassino, evitando que novas mortes venham a acontecer. São 2 elementos que eu amo em qualquer filme de Argento: a trilha sonora do grupo eletrônico Goblin, que aqui compõe trilha estranhíssima, barulhenta mas ao mesmo tempo, sedutora e que combina com as cenas, dando uma dimensão diferente: enquanto nos outros filmes de suspense se trabalha uma trilha aterrorizante ou o silêncio, o Goblin faz muito barulho, uma trilha rock. E também amo a forma como Argento filma as cenas de assassinato: são verdadeiras coreografia, tanto de câmera quanto de narrativa, praticamente uma cena de ópera. São cenas exageradas, grandiloquentes, épicas. Os atores exageram, o sangue é falso, mas tudo é de uma vibração incrível. A cena da morte na banheira com água quente, e uma que envolve um boneco no estilo de Jigsaw de “Jogos mortais”, são antológicas. Não adianta buscar coerência no roteiro, a história é feita para puxar o filme adiante, mesmo que não faça nenhum sentido e que os personagens ajam da forma mais estúpida possível. A resolução de quem é o assassino é sensacional, e nos faz relembrar d acena inicial. Há que se prestar atenção em cada detalhe. Clássico obrigatório para qualquer fã de terror. Detalhe: a fotografia de Luigi Kuveiller É brilhante, intensificando as cores vermelhas e reproduzindo pinturas famosas, como “Nighthawks”, de Edward Hopper, em uma cena noturna de bar.

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