terça-feira, 17 de março de 2020
A paixão de Anna
"En passion", de Ingmar Bergman (1969)
Obra-prima de Bergman que reúne 4 dos seus atores mais recorrentes: Liv Ulmann, Max Von Sydow, Bibi Andersson e Erland Josephson.
Realizado no período em que Bergman e Liv Ulmann estavam passando por um processo de separação, o filme é angustiante e violento do início ao fim. Repleto de cenas onde os personagens se agridem verbalmente e fisicamente, é talvez um dos filmes maus duros e sufocantes do cineasta sueco.
Andreas (Max von Sydow) é divorciado e ficou preso por anos após cometer um crime. Ao ser solto, ele decide se mudar para a Ilha de Faro ( aonde mais??) e ali morar sozinho. Enquanto conserta seu telhado, uma mulher, Anna (Liv Ulmann) pergunta se pode usar o seu telefone. Durante o telefonema, Andreas percebe que Anna se descontrola com a pessoa que ela está falando. Anna vai embora e Andreas percebe que ela esqueceu sua bolsa. Ali consta um bilhete, de despedida do marido de Anna, que morreu em um acidente de carro, junto do filho do casal. No bilhete, fica clara que a relação do casal passava por um momento terrível. Andreas vai até a casa onde Anna se encontra e é recebido pelo casal Eva (Bibi ANdersson) e Elis ( Erland Josephson). O casal possui um relacionamento liberal. Eva acaba se relacionando com Andreas, mas logo Andreas decide ficar com Anna, se tornando amantes. Andreas descobre que o marido falecido de Anna tinha o seu mesmo nome. Quando decidem morar juntos, Andreas e Anna vão descobrir a verdadeira alma do outro.
Assistir "A paixão de Anna" não é uma tarefa fácil. Denso, repleto de diálogos cruéis onde os personagens promovem verdadeiros embates de destruição moral. No entanto, como em qualquer filme de Bergman, o trabalho dos atores elevam o projeto a um nível mágico, e aqui, especialmente, todos estão soberbos.
Bergman trabalha aqui no filme com a metalinguagem, recurso que ele nunca mas usaria: cada um dos atores quebra a quarta parede em algum momento e revelam, como atores, o que eles pensam sobre a trajetória dos personagens que eles estão vivendo. É muito curioso testemunhar os relatos tão sinceros dos atores sobre o processo de dar vida a personagens, sem julga-los.
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