Distrito 666

"Distrito 666", de Paulo Nascimento (2022)

O cineasta Paulo Nascimento é um dos maiores combatentes do cinema produzido no sul do Brasil, sem que seus filmes se tornem regionais. Ele já realizou grandes obras como "À oeste do fim do mundo", Em teu nome", "Diário de um mundo novo" e "Teu mundo não cabe nos meus olhos", além de séries de sucesso como "Chuteira preta". Com a paralisação do setor do audiovisual no ano de 2020 com a pandemia da covid, Nascimento se aliou aos seus companheiros de escrita, Gilberto Perin, e de fotografia, Renato Falcão, e desenvolveu e filmou o ótimo suspense distópico "Distrito 666". Todo filmado de forma remota, com imagens documentais captadas nas ruas durante a pandemia, 'Distrito 666" é uma ficção científica tipo "Black mirror" que traz um olhar pessimista, mas incrivelmente possível, do Brasil do pós 2020. Um elenco de atores veteranos, como Giulia Gam, Marcos Breda e Charles Paraventi, contracena de igual com jovens talentos: Lucas Zaffari, Gabrielle Fleck, Pedro Caetano, Alli Willow. O filme se passa em 2042, 2 o país está dividido em distritos, a forma como o Governo conseguiu administrar o controle sobre a população. As pessoas de um distrito não podem passar para outro, e todos são vigiados 24 horas, como um grande Big brother. As vacinas não deram conta de tantas mutações. O governo cede alimentação e 30 minutos de sol por semana. O restante, todos devem ficar trancados em casa, evitando compartilhar o vírus. Os jovens nunca abraçaram, nem sequer experimentaram sentimentos como amor e amizade. Yod (Zaffari) se comunica em segredo com Madelene (Gam), uma famosa cientista, e tenta entender a humanidade e a sociedade em que vivem. O filme tem claras referências a clássicos como "1984", "Fanhernheit 451" e acredito eu, "Gattaca", com uma visão apática sobre a sociedade do futuro. Belamente fotografado, com uma trilha melancólica e um roteiro que entristece com a possibilidade de que tudo o que vemos na tela, poderia acontecer. Visto no Telecine.