domingo, 20 de fevereiro de 2022

A primeira onda


 “The first wave”, de Matthew Heineman (2021)

Premiado documentário, contundente e emocionante e bastante corajoso por parte da equipe de filmagem de Matthew Heineman, que pelo período de 4 meses, de março a junho de 2020, acompanhou a equipe médica, enfermeiros e pacientes portadores do covid-19 no Centro Médico Judaico de Long Island, no Queens, Nova York. O estado de Nova York batia recordes mundiais de contaminação por covid e estar nesses ambientes era uma bomba relógio, onde qualquer um poderia se contaminar, ainda mais no estágio inicial da doença, quando pouco se sabia sobre o que fazer.

O ambiente retratado pelas câmeras é de um completo caos no hospital. Médicos e enfermeiros sem descanso, sendo acionados o tempo todo, fatigados, estressados e com medo de serem os próximos a contrair a doença, tal a proximidade com os pacientes. A médica Nathalie Douge, negra e descendente de haitianos, é a chefe do setor no Hospital, e é através dela que o filme vai sendo costurado. A câmera a acompanha em sua casa, dirigindo o carro e chegando ao hospital, onde ela não tem um segundo de sossego. Pelo seu depoimento, ficamos sabendo que o hospital atende em sua maioria negros, hispânicos e imigrantes, e acabam sendo aa maiores vítimas da covid. Nathalie atende mulheres negras e diz que qualquer uma delas poderia ser sua mãe.
O filme acompanha alguns doentes, entre eles, o policial negro Ellis, 35 anos, e a enfermeira filipina Brussels, lutando por suas vidas, enquanto fazem conexão com seus familiares via Ipad, já que nessa fase era proibido que os familiares entrassem no hospital.
Mas o filme dá uma guinada brutal, quando, 90 dias após a pandemia, acontece o assassinato de George Floyd e as ruas, que até então estavam vazias, são tomadas por milhares de manifestantes, protestando “Black lives matter”. Nathalie participa também da manifestação, e faz um paralelo duro e emocionante da frase proferida na manifestação: “I can’t breathe”, uma analogia tanto ao assassinato de George, quanto às suas lembranças dos pacientes da covid, que também não conseguem respirar.
não é um filme fácil de se assistir, principalmente quem teve pessoas próximas mortas pela doença Um filme que certamente virará documento histórico de uma época de trevas.

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