de Hector Babenco(1982)
Rever " Pixote" quase 30 anos depois de seu lançamento, é uma revelação. A de que o sistema penitenciário, a educação, o trabalho infantil, o pouco caso com os milhões de desempregados e sem-tetos do país continua praticamente igual.
Brasil, país do terceiro mundo que teima em mostrar que é primeiro mundo. Esse filme continua terrivelmente atual. Para mim, é a obra-prima de Hector Babenco. Um dos filmes nacionais que eu mais admiro, pela sua coragem, seu olhar documental e realista da sociedade, pela força da atuação de todo o elenco, que confere dignidade e verdade ao projeto.
O elenco infantil e adolescente é todo de não atores, palmas para a equipe de Dierção, onde até então Fátima Toledo estava começando a fazer seu famoso e polêmico trabalho de imersão nos personagens, que ela pratica com os seus comandados. São todos maravilhosos em seu realismo, visto que a maioria é formada de favelados e desajustados.
O elenco profisssional é da melhor qualidade, juntando os melhores atores vigentes nos anos 80: Jardel Filho Ariclê Perez, Beatriz Segall, Tony Tornado e Elke Maravilha. Marília Pera é um caso a parte. No papel de uma prostituta ladra, ela arrebatou a crítica e fã clube mundo afora. Um personagem difícil, que ela só poderia ter feito mesmo nos loucos anos 80. Aliás, o filme é um produto dessa época. Hoje em dia teria dificuldades de ser realizado, seria massacrado pelos politicamente corretos de plantão.
Fernando Alvez de Souza é uma figura emblemática no filme. Parece que nasceu pro papel, tão incrível é a sua caracterização. O filme é ele, sobre ele, sobre sua vida, e o mundo que ele observa.
Muitas cenas antológicas, e em especial, a cena que Pixote cheira cola no banheiro. Um momento lírico, mágico, que dificilmente será repetido com tanto brilhantismo.
Um filme fundamental. Tecnicamente, visto hoje em dia, o filme carece de mais refinamento. Mas é só isso. Todo o restante é perfeito.
Nota: 10
nada mudou dos anos 80 ate hoje encherão o menino de sonhos naõ pagaraõ o serto para ele e deixaran ele na maõ
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