quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Meu Amigo Claudia
Documentário de Dácio Pinheiro (2009)
Ótimo documentário sobre a vida de Claudia Wonder, travesti brasileiro que agitou a vida cultural de São Paulo dos anos 70 a 2000.
Nascido Marco Antonio em 65, Claudia foi renegada pelos pais, e entregue para criação para seus tios-avós. Já criança, demonstrava sua inquietação, uma pessoa diferente. Adolescente, gostava de se vestir de mulher, brincar de boneca. Até que um dia, foi vestido de mulher para uma boite, foi encaminhado preso e lá ficou por 15 dias. depois descobriu que foi seu pai de criação quem o mandou ficar lá.
Começa aí a saga de Claudia Wonder, que teve esse seu apelido pq todos os seus amigos e amigas a chamavam de Claudia maravilha. E Ela achou chique mudar pro inglês.
Essa figura arredia e improvável, cresceu artisticamente durante o período da ditadura no país. Acompanhou tudo desde os anos 70, 880, 90 e 2000. Foi uma voz a favor das diretas já, lutou contra o preconceito.
Artista, performático, cantor de banda punk-rock, michê, ativista político, assistente social, atriz, atriz pronô..Claudia foi de tudo um pouco. daí a emoção de se acompanhar esse filme, que tecnicamente é pobre ( a maioria das imagens são em VHS), mas tem um material de arquivo excelente que acompanha os anos de ferro no Brasil. Nos anos 80, criou uma band apunk, chamada " Vômito do mito", e se apresentava na lendária " Madama satã", antro de artistas e intelectuais paulistas, misturados a putas, travestis. Como eles mesmos diziam, a anarquia cultural se encontrava lá. Foi atriz de uma peça de Zé Celso, substituindo Sonia Braga, Ficou nua no palco. Protagonizou o primeiro filme explicito com travestis no país, " Sexo dos anormais", nos anos 80.
No período Collor, ela acabou indo pra Europa. Como Claudia diz, Collor acabou com a efervescencia cultural, acabou com tudo o que era vanguarda e original.O seu governo deu lugar a artistas populares:lambada, sertanejos, axé, pagode, etc
Amiga de intelectuais e artistas, Claudia foi abraçada por todos. Militou a favor dos travestis e da diversidade, isso em plena ditadura. Jamais baixou a crista para nada.
Daí a importãncia desse documentário. registrar a voz muito particular dessa artista inquietante. Vários artistas dão depoimentos: Sergio Mamberti, Kid Vinil, Graice Gianoukas, Leçao Lobo, Caio Fernando Abreu, Zé Celso.
Claudia morreu em 2010, vítima de complicações da AIDS ( a quem ela tanto combateu e ajudou a espalhar a campanha entre travestis , michês e putas), aos 55 anos.
Nota: 8
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