sábado, 25 de dezembro de 2010

Adeus, Dragon Inn


" Goodbye, Dragon Inn", de Tsai Min Liang (2003)

Quando a gente assiste a um filme do diretor Tsai Min Liang, já sabemos o que encontrar pela frente: planos estáticos e longos, que vão ao limite do suportável; pouquíssimos diálogos; ação fragmentada, sem uma linha narrativa coerente; e claro, o ator-fetiche dos filmes do cineasta, , Lee Kan Cheng.

Esse filme chinês de 2003 ganhou o prêmio Fipresci em Cannes 2003, importante prêmio cedido por críticos.
É um filme muito melancólico, que narra o último dia de um cinema de rua. O prólogo do filme mostra um momento de glória do cinema, ainda lotado. Passam-se os anos, e o que vemos, é uma sala enorme completamente vazia. Os únicos frequentadores são gays e travestis em busca de sexo, tanto nas salas quanto nos corredores estreitos e longos, e nos banheiros.
Temos 3 histórias que rolam paralelas: a bilheteira aleijada, que nutre paixão platônica pelo projecionista; um turista japonês, que percorre todos os ambientes do cinema, em busca de aventuras sexuais ( suas cenas possuem gags divertidas) e 2 senhores, que descobrimos mais tarde serem os atores do filme projetado, " Dragon Inn", clássico das artes marciais dos anos 60. Esses 2 atores, ao se encontrarem no saguão do cinema, após o término da sessão, lamentam que o cinema de rua esteja definitivamente acabando, inclusive eles nem vão mais ao cinema.
O filme é um lamento, assim como " Cinema Paradiso" e o filme mais próximo dele , "Serbis", de Brillante Mendoza, que narra a decadência de um cinema em Manilla, também frequentado pro gays e michês.
Os filmes de Tsai Min Liang não são para qualquer espectador. Exigem muita paciência e dedicação, além de não ter uma narrativa linear. Quem espera um filme com início, meio e fim, passe longe. Por ex, tem uma cena na qual a bilheteira sobe as escadarias da sala do cinema, buscando lixo no chão. Ela sobe lentamente as dezenas de escadas, caminha pelo corredor superior, e desce as escadas. Ela sai de cena. E o plano ainda continua focando a sala de cinema, por mais alguns minutos.
Minimalismo é isso aí.

Nota: 8

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