sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
Cisne Negro
" Black Swan", de Darren Aronofsky (2010)
Drama denso, com toques de suspense.
O lago dos Cisnes é um balé russo clássico. A história gira em torno de uma princesa que é enfeitiçada por um mago e sua filha feiticeira, e se transforma em cisne branco. O principe se apaixona pela forma humana da princesa ( ela se tranforma após a meia-noite, voltando à forma animal ao amanhecer). De repente, surge um cisne negro, que enfeitiça o príncipe, e ele acaba se casando com ela. A princesa, atordoada, se mata, e acaba se livrando de seu feitiço, tornando-se livre.
Partindo dessa premissa, Aronofsky constrói aqui uma fábula moderna, que tem como tema central a ambição, a busca pela perfeição, a ira, a inveja.
Nina (Natalie Portman) é uma dançarina obsessiva, que sonha estrelar uma peça. Um dia, o Diretor teatral (Vincent Cassel) da companhia no qual ela dança em Nova Yorque anuncia a aposentadoria forçada de sua estrela, (Winona Ryder), e vai fazer um casting com a nova cisne branca. Sua mãe (Barbara Hershey), outrora uma bailarina , porém fracassada, cria Nina em cima de preceitos de perfecciosimo, tratando-a de forma submissa e repressivamente. O Diretor seduz Nina, forçosamente, e ela acaba ganhando o papel principal. Porém, ela tem como rival, a dançarina Lyla (Mila Kunis), que pega o papel da Cisne negro. A partir dái, disputa de poder, inveja, ódio fazem parte do cardápio de Nina. Ela descobre seu lado negro. Ela se mutila, entra em paranóia, imagina situações, cria seus pesadelos mais aterradores.
Aranofsky entra aqui num patamar de grande cineasta, criando um drama poderoso sobre a cobiça. o mal que existe no ser humano. Tenso, sombrio, depressivo, melancólico. A direção é excelente, a trilha sonora , baseada na peça de Tchasikovsky, pontua todas as cenas, maravilhosamente. A fotografia é perfeita, a montagem sublime, alternando os momentos de realismo e delírio. É tão bem montado que tem horas que a gente não sabe se é real ou não a cena.
Mas nada disso seria possível sem a atuação espetacular de Natalie Portman. Ela emagreceu muitos kilos para viver o papel da bailarina obssessiva, e sua atuação é digna de muitos prêmios. Barbara hershey (cheia de plástica, infelizmente) está ótima como a mão possessiva, e Vincent Cassel correto em seu papel de Diretor Filho da puta. Winona Ryder, em pequena participação, tem uma cena antológica, no quarto do hospital. Seu personagem é digno de piedade.
Os efeitos visuais são muito bons, auxiliando no clima fantástico e aterrador do filme. Tudo remete a um pesadelo da protagonista, e o espectador participa do enlouquecimento gradual da personagem
Uma obra-prima, que deve ser vista por todos, uma aula de cinema irretocável.
Nota: 10
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