domingo, 8 de janeiro de 2017

Nove crônicas para um coração aos berros

"Nove crônicas para um coração aos berros", de Gustavo Galvão (2012) Escrito por Gustavo Galvão e Cristiane Oliveira ( A diretora do ótimo "A mulher do pai"), é o primeiro longa de Gustavo Galvão, realizador do bom drama policial "Uma boa dose de violência qualquer". Gustavo é de Brasília, e dirigiu curtas premiadíssimos. Em "Nove crônicas..", Gustavo usou de suas referências cinéfílas e resolveu homenagear de uma tacada só vários cineastas: Wong Kar Wai, Jim Jarmusch, Inarritu, Robert Altman, entre outros. Infelizmente, a mistura não deu muito certo. Em primeiro lugar, pelo excesso de histórias e personagens a serem apresentados. Com 93 minutos, fica difícil desenvolver cada um como deveria. Alguns episódios são melhor formatados do que outros, que acabam ficando meio que pelo caminho, sem desfecho. A fotografia em muitos momentos é bastante escura, e o som captado também é bastante falho. Com tantos problemas técnicos, e com um roteiro que não seduz ( as histórias são muito apáticas, e nenhum personagem é interessante o suficiente para merecer a atenção maior do espectador) , o trunfo do filme acaba sendo o enorme elenco, de altíssimo nível. Julio Andrade, Denise Weimberg, Marat Descartes, Simone Spoladore, Leonardo Medeiros, Felipe Kannemberg, além das ótimas atrizes paulistas Paula Cohen e Rita Batata, entre outros. Uma pena de verdade, que esses atores não tenham sido melhor aproveitados nos papéis O filme narra 9 histórias entrecruzadas ( olha o Altman e Inarritu aí gente!), todas versando sobre a falta de perspectiva, a frieza dos relacionamentos, a melancolia e depressão na grande cidade, a frustração, enfim, só sentimentos negativos em relação ao ser humano e o ambiente que o cerca. O ritmo é muito lento, e acredito que a apatia do filme tenha a ver com a proposta do projeto. É um verdadeiro universo de pessoas "cinzas", sem "Vida", mortas por dentro e emocionalmente. Ainda assim, o filme ganhou prêmios em Festivais Internacionais. O filme seguinte de Gustavo Galvão, "Uma boa dose de violência qualquer", veio redimir a sua filmografia, aí sim, fazendo alusão aos Irmãos Coen e o gênero policial/Faroeste com bastante habilidade.

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