sábado, 7 de janeiro de 2017

Um limite entre nós

"Fences", de Denzel Washington (2016) Adaptação da peça teatral "Fences", exibida pela 1a vez na Broadway em 1987, ganhando o Tony de melhor espetáculo. Em 2010, foi montada uma nova versão na Broadway, dessa vez com Denzel Washington e Viola Davis nos papéis principais. Ambos venceram os Tonys de interpretação. Denzel comprou os direitos da peça e dirigiu a versão cinematográfica, escalando ele e Viola Davis nos mesmos papéis que interpretaram nos palcos. Ambientado em 1950, Pittsburgh, Pennsylvania, narra a história de Troy ( Denzel), um coletor de lixo casado com Rose ( Viola Davis). Troy tem 3 filhos, cada um de uma relação: Gabe, ex-soldado e que retornou da guerra com sequelas psicológicas; Lyon, um músico, e Cory, o mais novo, filho dele com Rose. Cory sonha em ser jogador de baseball, mas Troy o impede, dizendo que mais jovem, também foi jogador de baseball, mas tudo o que veio depois foram frustrações. Troy educa os filhos com mão de ferro, apesar dos protestos de Rose. O que Troy quer, no fundo, é que todos os filhos tenham um futuro melhor, mas a forma como ele expressa esse desejo é incompreendido por todos. Longo ( 2:20 Hrs), "Fences" não esconde a sua origem teatral: o filme é inteiramente dialogado, em poucos cenários. Parece que estamos vendo os personagens em um grande palco. Cenas longas, textos gigantes e as falas muitas vezes, com um peso literário que não condiz com o naturalismo do cinema e das condições sociais daquela família. Mas o grande trunfo do filme é a performance do elenco. Denzel Washington na direção, apostou na força do elenco e evitou malabarismos técnicos. Como Ator, ele está irrepreensível. O que pesa contra ele é o seu personagem, extremamente antipático e irritante. Viola Davis é brilhante, e cada cena onde ela aparece, o filme cresce. O que não entendo é porquê ela está sendo indicada para coadjuvante, quando na verdade p seu papel é de protagonista. No último ato, ela protagoniza por pelo menos 20 minutos. A fotografia e a direção de arte são corretas, trazendo elementos dramáticos e melancólicos para o drama: uma casa de classe média baixa, cores frias, permitindo um sol apenas no último momento. Para o espectador que gosta de um belo texto com bons diálogos, e deseja ver grandes interpretações, "Cercas" é uma boa pedida. Só precisa de paciência para enfrentar um verdadeiro épico verbalizado. A cerca que Troy constrói durante anos, para cercar a sua casa, é uma metáfora sobre "manter" dentro do seu domínio os seus entes queridos, sob as suas regras.

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