terça-feira, 5 de fevereiro de 2019
Vergel
"Vergel", de Kris Niklison (2017)
A ficha técnica dessa co-produção Argentina/Brasil dá bem o tom do filme que iremos assistir. A cineasta argentina Kris Niklison escreveu, produziu, dirigiu, fotografou, fez a direção de arte e co-editou esse projeto que invade a alma feminina de uma mulher no alto dos seus 40 anos, interpretado com garra e visceralidade por Camila Morgado. Kris Niklison morou em Armsterdam, onde fundou um grupo de teatro, tendo trabalhado com Peter Greenaway e Dario Fo. Um feito e tanto, sem dúvida!
Um casal brasileiro viaja de férias para Buenos Aires. Mas o homem morre em um acidente. esse prólogo nós não vemos, pois o filme se passa 98% dentro do apartamento alugado pelo casal em Buenos Aires, repleto de plantas no jardim ( a essa decoração de plantas dá se o nome de "Vergel". O filme começa com a mulher já de luto. Desesperada, ela tenta enviar o corpo para o Brasil, mas a burocracia local dificulta tudo, e ela é obrigada a ficar no País até tudo se resolver (lembra até um episódio de "Relatos selvagens". A mulher grita, se masturba, entra em crise, conhece um vizinha extrovertida com quem ela irá viver experiências novas, relembra do seu marido morto. O filme é bastante sensorial, a câmera vai até o rosto de Camila, invade tudo. Na cena da masturbação, bela e dolorosa, o trabalho da atriz é feroz.
Não é um filme para espectadores comuns. É artístico, quase experimental, íntimo. A fotografia e os enquadramentos, parecem pinturas. A trilha sonora, energizante e melancólia ao mesmo tempo, é de Arrigo Barnabé.
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