domingo, 3 de fevereiro de 2019

A noiva do deserto

"La novia del deserto", de Cecilia Atán e Valeria Pivato (2017) O curioso para mim em relação a esse premiado filme, que também concorreu em Cannes na Mostra Um Certo Olhar, foi ter assistido depois de "Roma", de Alfonso Cuarón. São dois filmes muito próximos, guardadas as devidas proporções estilísticas e narrativas. Ambos os filmes têm como protagonista uma empregada, que trabalha há anos para uma mesma família, se dedicando de corpo e alma e realizando todas as tarefas domésticas, sem reclamar de nada. Teresa (Paulina Garcia, atriz chilena premiada em Berlin pelo seu trabalho excepcional em "Gloria") dá vida à Teresa, empregada que trabalha há 34 anos para essa família. Vinda do Chile, após a morte de seus pais pelo terremoto, Teresa vai morar em Buenos Aires. Com o casamento do filho do casal, Teresa é dispensada e realocada para trabalhar para os pais da noiva, na cidade de San Juan, há 600 kilômetros de distância. Frustrada por não prestar mais serviços à família e principalmente para o filho do casal, Teresa pega um ônibus. No caminho, o mesmo quebra. Teresa para em uma cidadezinha católica, enquanto espera outro ônibus, mas acaba perdendo sua bolsa pessoal dentro do trailer de um vendedor de santas, gringo (Claudio Rissi). Ao encontrá-lo, ele diz que largou sua bola em algum lugar, que ele não lembra. Ele topa levar Teresa para os lugares onde supostamente teria deixado a bolsa. No caminho, os dois vão se tornando mais próximos. Como todo road movie, o filme é uma metáfora sobre uma alma solitária em busca de sua redenção. Primeiro filme dirigido pela dupla de cineastas argentinas Cecilia Atán e Valeria Pivato, que também escreveram o roteiro, " A noiva do deserto"é um filme minimalista, de poucos diálogos e muitas imagens bonitas e poéticas. Paulina Garcia carrega em seu rosto todo o sofrimento e tristeza do mundo, e impressiona pela naturalidade com que interpreta. De ritmo lento, é um filme que pode irritar espectadores mais impacientes, mas quem se deixar levar pela narrativa, vai encontrar um filme muito sensível e que fala à alma feminina. O filme é muito próximo de "Gloria", e talvez Paulina tenha sido escalada por causa disso. São personagens já entrando na terceira idade, mas que descobrem que a vida continua, apesar disso.

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