sábado, 2 de fevereiro de 2019
Querido ex
"Dear Ex", de Hsu Chih-Yen e Mag Hsu (2018)
Premiado Drama LGBTQ+ de Taiwan, fez um enorme sucesso comercial nos cinemas e acabou sendo comprado imediatamente pela Netflix da Ásia. O filme discute temas como homofobia, aceitação, casamento gay e partilha de bens.
O cinema asiático, assim como o mexicano, é hábil em lidar com o Melodrama. Com uma trilha sonora que evoca tintas melancólicas e uma fotografia que lembra os primeiros filmes de Wong Kar Wai, "Querido Ex" apresenta 4 personagens, apresentados na narrativa em tempo presente e em flashbacks.
Liu Sanlian leva seu filho adolescente Song Chengxi para o apto kitschnett de Jay. Descobrimos que Liu é uma esposa abandonada pelo marido, Song Zhengyuan que resolveu abandonar a família para viver com seu grande amor, o diretor e ator de teatro Jay. Irritada porquê o dinheiro do seguro de morte foi para Jay e não para seu filho, Liu ameaça Jay. O que ela não podia esperar, era que seu filho Chengxi tomasse partido por Jay, irritado com a postura mercenária da mãe.O rapaz resolve morar com Jay, que fica sem saber o que fazer.
Com atuações exemplares de todo o elenco, os personagens são repletos de nuances e camadas. O ator que interpreta Jay, Roy Chiu, consegue trazer carisma para o seu conturbado personagem, que vive uma grande perda emocional desde a morte de seu amado e agora, ameaçado pela viúva. Mas o papel mais complexo e provocativo é o de Liu. A atriz Ying-Xuan Hsieh consegue de verdade entrar na persona de Liu e irritar o espectador. Intensa, ela só fala gritando, é a própria mulher traída e abandonada. Mas é possível entender a sua dor e as suas atitudes destemperadas. Ela protagoniza uma cena, que lembra muito da cena de Miranda Richardson e Jeremy irons em "Perdas e danos", quando a mulher tenta fazer de tudo para manter o casamento com seu marido. É uma cena muito pungente. Idem a cena de Liu querendo agradar seu amado, morrendo de câncer, e cortando seu próprio cabelo para provar que nada mudou.
Para amantes de melodrama, é um filme imperdível. e o desfecho, repleto de redenção, do jeito que a gente gosta.
O que não gosto é das intervenções nas imagens, feitas em pós produção: desenhos e rabiscos que surgem nas telas, como se fossem pensamento do filho. Achei demodé.
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