sábado, 16 de fevereiro de 2019

Eu sou a minha própria mulher

"Ich bin meine eigene Frau", de Rosa Von Praunheim (1992) O cineasta alemão Rosa Von Praunheim é a voz mais ativa do Cinema gay da Alemanha. Realizador de dezenas de filmes, entre ficção e documentários, a sua filmografia é importante pois ele apresenta personagens e fatos históricos em seus filmes que são verdadeiros registros de suas épocas. Em 'Eu sou minha própria mulher", Praunheim cria um interessante jogo que mistura ficção e documentário. A protagonista é Charlotte von Mahlsdorf, nascida Lothar Berflede. Lothar nasceu em 1928 na Alemanha, e viu o nazismo crescendo assustadoramente. Seu pai se filiou ao Partido e o obrigou a se alistar, mas Lothar se recusou. Lothar se vestia de mulher, escondido de seu pai. Seu pai era homofóbico, machista e racista, agredindo a mãe de Lothar, suas irmãs e a ele. Não aguentando mais a tensão de seu pai, que ameaçava matar a todos, Lothar mata seu pai e acaba indo para uma Instituição penal. Quando saiu, se assumiu como Charlotre Von Mahlsdorf. Charlotte nunca quiz mudar de sexo nem se maquiar, apenas se sentia uma mulher dentro do corpo errado de um homem. Se chamava de travesti, e não de transsexual. Logo depois, veio a divisão da Alemanha pelo Muro de Berlim, e Charlotte ficou presa no lado oriental, comunista. Charlotte começou a montar em sua casa todo tipo de arte relacionada ao homoerotismo, e inclusive seu espaço ficou famoso por promover encontros com a comunidade Lgbtq+. Mas logo ela foi perseguida pelo governo comunista. Com a queda do Muro, o lugar acabou sendo promovido como o Primeiro Museu Lgbtq+ da Alemanha oriental. Praunheim faz com que a verdadeira Charlotte narre todo o filme, intercalando e interagindo com os atores que a interpretam em diversas fases, e com os que interpretam outros personagens. É um recurso muito bem administrado, dando um tom realista a essa incrível história de resistência e de busca de identidade de gênero.

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