terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Alemanha ano zero

"Germania anno zero", de Roberto Rosselini (1948) Vencedor do Grande prêmio do festival de Locarno em 1948, “Alemanha ano zero” é uma das mais trágicas e desesperançosas histórias contadas no cinema. Roberto Rosselini é um dos maiores expoentes do neo-realismo italiano, e realizou uma trilogia chamada “trilogia da guerra”, composta por “Roma, Cidade aberta”(1945), “Paisá”(1946) e “Alemanha ano zero”(1948. O filme foi rodado em Berlin no ano de 1947, e como reza a cartilha do movimento, Rosselini usou não atores. Berlin estava totalmente destruída e bombardeada, e só se v6e destroços e ruínas por todos os lados. Nesse ambiente de total desolação, viva Edmund, um menino de 12 anos, que vagueia pelas ruas da cidade tentando levantar um dinheiro para ajudar a sua família, composta por 4 membros: o pai, um ex-militar nazista que está adoentado na cama; a irmã, que se prostitui com soldados aliados; o irmão mais velho, nazista, que se esconde em casa com medo de ser preso; e Edumund. O problema é que a família recebe 3 cartelas do governo de alimentação, pois o irmão mais velho, por estar escondido, não recebe. Edmund fica na rua fazendo de tudo para ganhar dinheiro. Ele reencontra um ex-professor pedófilo que alicia garotos para levar a velhos pedófilos. Edmund resolve atender aos pedidos do pai, e o mata. Isso traz uma crise de consciência ao menino, que o atormentará até um desfecho cruel. Logo no início do filme, Rosselini apresenta uma cartela, dando o seu ponto de vista do porquê fazer um filme mostrando o povo alemão do pós-guerra: “ Não é uma acusação contra o povo alemão mas uma documentação de três milhões e meio de pessoas tentando sobreviver. Não quero recriminar ou perdoar os alemães.” Impressiona a performance do jovem menino Edmund Moeschke no papel de Edmund. Repleto de nuances, o garoto dá vida a um garoto em conflito. O filme lida com temas muito complexos e bastante ousados até para o dia de hoje, envolvendo um protagonista infantil: pedofilia, suicídio, assassinato, roubo. O filme é um fenomenal material de arquivo de uma época, totalmente filmado em locações, mostrando uma Berlin devastada, 2 anos depois do final da 2a guerra. O que mais impressiona, é a velocidade com o qual o País se reergueu. O filme é uma grande metáfora sobre uma geração que cresceu sob o signo da derrota, da baixa autoestima que dizimou um povo, cidade e uma cultura. Edmund é essa Alemanha nova, e sue pai, a Alemanha antiga, que precisa ser derrotada e enterrada. Só que mesmo essa nova Alemanha, esse ano zero da reconstrução, não se encontra em estado favorável para reflexão. O filme é uma grande obra-prima, presente em quase todas as listas de melhores filmes de todos os tempos. Obrigatório.

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