sábado, 2 de fevereiro de 2019

Cidade invisível

"Cidade invisível", de Terêncio Porto (2018) Documentário realizado com a seguinte proposta: Em 2007, a prefeitura do Rio de Janeiro decretou que todos os filmes patrocinados pelo poder municipal, deveram tratar de um único tema: a vinda da família portuguesa. A partir do fato histórico da vinda da família Real portuguesa para o Rio de Janeiro em 1808, o filme apresenta lindas imagens de Cartão da cidade do Rio de Janeiro, alternando com o que se chama de "Cidade invisível": aquilo que não se vê nessas paisagens feitas para turista ver. Para isso, o filme inunda a tela com imagens de esgotos, mendigos, favelas, lixo, enfim, nada muito diferente de qualquer grande metrópole. Mas então, qual a questão com o Rio de Janeiro? A resposta? A sua alcunha: Cidade Maravilhosa. Quando uma cidade ganha esse status, supõem-se que tudo nela tenha que ser deslumbrante. Só o que o filme de Terêncio Porto quer propor, é que esse deslumbramento pode ser para os dois lados da moeda: as maravilhas, e as mazelas. Várias vezes, a tela é marcada com uma "máscara"que reproduz um POV de um binóculo. Terencio brinca com essa linguagem, como se fosse um português chegando na cidade, virgem, e se surpreendendo com tudo o que vê nela nos dias de hoje. Essa lente aponta para todos os lados, como uma ardilosa metralhadora: entrevista tudo quanto é tipo de gente: anônimos e famosos, pobres e ricos, intelectuais ou não. Tem invasores de propriedade, escritores, apresentadores de tv, biólogos, historiadores. De todos, o que mais me divertiu foi o surfista e apresentador Daniel Sabbá. Além de contar a sua história pessoal, ele fala sobre a dicotomia entre pobres e ricos, entre anônimos e Vips, Diz que VIP não é ser rico, é ter entrada nos lugares, mas ele só cita milionários. No final de seu depoimento, ele comenta da vontade de se candidatar para a política, para poder cuidar melhor do Rio de Janeiro, que ele diz, deveria ter um tratamento diferenciado do restante do País, um tratamento VIP. Quase todas as pessoas entrevistas procuram elucidar essa alcunha de "Cidade maravilhosa". Obviamente que quase todo mundo fala mal, mas também ninguém abandona a cidade. O Carioca é Malandro? A cidade está violenta? Suja? Corrupção? Nada que uma boa cervejinha ou praia não consiga refrescar a cabeça do carioca. Na ultima cena, 2 cariocas do subúrbio são entrevistados na entrada de um estádio onde está acontecendo o evento do Pan 2007. Provavelmente, desde que começaram a realizar o documentário, há anos atrás até os dias de hoje, a cidade deve ter mudado quase nada. Qem sabe a segunda parte do projeto não vá se chamar 'Cidade Fantasmagórica"? A Cavídeo é uma das co-produtoras do filme e também a distribui. Cariocas não deixem de se ver nesse documentário divertido e ao mesmo tempo, trágico.

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