domingo, 15 de dezembro de 2019

Três verões

“Três verões”, de Sandra Kogut (2019) Com um título singelo mas ao mesmo tempo poético, evocando obras de Ozu e Eric Rohmer ao falar do cotidiano de uma família, Sandra Kogut investe novamente no tema das diferenças entre pobres e ricos, já visto em seu filme anterior, “Campo Grande”. Agora, a história acompanha uma família sendo destruída pela Operação Lava Jato, através dos personagens de Otávio Müller e Gisele Froes, nos papéis de Edgar e Marta, caricaturas dos casais Garotinho e Rosinha e Sérgio Cabral e Adriana. Mas é desse último casal que o filme se aproxima mais, ao trazer o personagem do idoso interpretado por Rogério Froes, pai de Edgar, e envergonhado ao saber que o filho foi preso por corrupção ( semelhanças com Sérgio Cabral pai e filho?) Todo esse desmanche é visto pelo olhos dos cinco empregados da casa, principalmente da governanta Mada (Regina Casé). Os outros empregados são interpretados de forma carinhosa por Jessica Ellen, Edmilson Filho, Paulo Verlings e Vilma Melo. Durante três anos, mais especificamente durante as festas de fim de ano, acompanhamos os festejos dentro dessa mansão em Angra dos Reis, reduto da nababesca família. Mas com o para dos anos e a prisão do patriarca, só ficam os empregados, que precisam se virar para poderem se sustentar. Com uma direção minimalista de Kogut, que sabe que tem um elenco poderoso em suas mãos ( o filme reúne um gigantesco elenco de apoio, que inclui o ótimo Daniel Rangel, Charles Fricks, Luciano Vidigal e Carla Ribas). Regina Casé traz aquele carisma de sempre, ganhando logo de cara o público com sua personagem apaixonante. O terceiro ato reserva seu momento mais cômico, com uma brincadeira sobre o universo do audiovisual.

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