quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Microhabitat

"So-gong-nyeo", de Jeon Go-Woon (2017) Excelente drama dirigido pela roteirista e cineasta sul coreana Jeon Go-Woon, vencedor de vários prêmios em Festivais internacionais. O filme traz uma visão pessimista e acridoce sobre a geração na faixa dos 40 anos de idade, que não encontra espaço para fazer seus sonhos brilharem na Seul com custo de vida dos mais altos do mundo. Desemprego, depressão, egocentrismo são tópicos trabalhados pelo emocionante drama que expõe a rotina de Miso (Esom, uma atriz carismática e cativante), órfã de pai e mãe que mora sozinha em um pequeno apartamento alugado. Quando jovem, ela tinha sonhos com seus amigos, que formavam uma banda de rock. Mas com o tempo, cada um seguiu sue caminho. Miso trabalha como doméstica e tem como vícios fumar e beber. Quando os preços do cigarro sobem, ela decide sair do apartamento para poder manter o hábito de fumar. Miso acredita que vá poder dormir cada noite na casa de cada um de seus amigos da banda. Mas ao bater na porta de cada um deles, ela entende que o tempo trouxe elementos inesperados que destruíram a amizade entre eles. O tema do filme me lembrou "Estamos todo bem" de Giusepe Tornatore e "Era uma vez em Tokyo", de Ozu: o pai decide visitar seus filhos e é mal recebido por todos. Nesse olhar pessimista sobre todos esses ex-jovens que afundaram na depressão e sem sonhos destruídos, a roteirista Jeon Go-Woon consegue extrair um humor refinado, mas o tom mesmo é de uma enorme melancolia. Com um time brilhante de atores, com cada um desenvolvendo uma personalidade bem diferente, "Microhabitat" revela o lado mesquinho do ser humano, diante de uma personagem que representa a pureza mas que acaba sucumbindo diante da falta de companheirismo e amor dos amigos próximos. Linda fotografia e trilha sonora. O final é avassalador.

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