domingo, 29 de dezembro de 2019

Minha irmã de Paris

“Ni une ni deux”, de Anne Giafferi (2019) Simpática comédia dramática, escrita e dirigida pela cineasta francesa Anne Giafferi, “Minha irmã de Paris” tem um enredo que poderia ser adaptado para qualquer País: fala sobre a indústria do cinema, sobre o estrelismo das atrizes, do envelhecimento das mesmas e do grande conflito artístico e profissional que atinge quase todos os atores: afinal, o ator deve seguir seu instinto ou se sujeitar a fazer filmes no qual ele não se sente confortável? Julie (Mathilde Seigner, em papel duplo, bastante versátil) é uma atriz famosa pelo mau humor e por tartar toda a equipe com desrespeito. Julie está para completar 45 anos de idade e já não tem a mesma fama de antes. Além de acreditar que perde seu público por conta da idade, o seu agente lhe diz que ela precisa sair da seara dos filmes autorais e investir nos filmes comerciais, no caso , comédias, para fazer sucesso e ser reconhecida pelo grande público. Julie se recusa, mas diante da insistência do seu agente, ela aceita entrar no lugar de uma atriz que se acidentou em uma comédia prestes a ser rodada. Só que Julie sucumbe à tentação do botox e o procedimento dá errado. Como ela precisa estar no set no dia seguinte, ela acaba convidando Laurette, uma fã que trabalha de cabeleireira em salão próprio em uma província próxima de Paris. Ambas se conheceram no mesmo dia durante uma sessão de pré-estréia de um filme fracassado de Julie. Julie acredita que elas são apenas parecidas, mas Laurette sabe de um segredo que pode mudar a vida das duas. Acontece que Laurette é simpática com todos e adora comédia, e acaba fazendo grande sucesso durante as filmagens, contrariando o desejo de Julie que quer retornar logo ao set. Uma deliciosa comédia de erros, o filme investe também no drama, através da história de mulheres solitárias e que lutam por seu futuro profissional e pelas suas famílias. Mas o grande tema do filme, abordado de forma exemplar, é a discussão em torno da coerência profissional; até que ponto o artista precisa se envolver em um projeto se ele não se enxerga naquele trabalho. O filme vale por esse tema e pelo ótimo trabalho das atrizes, principalmente Mathilde Seigner. Eu nunca havia visto seu rosto em outros filmes e fui pesquisar. Descubro que ela é irmã de Emannuele Seigner, casada com Polansky. Ficar de olho em seus próximos trabalhos pois ela tem um belo trabalho a apresentar, mostrando uma versatilidade entre drama e comédia.

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