quarta-feira, 25 de dezembro de 2019
Brooklyn sem pai nem mãe
"Motherless Brooklyn", de Edward Norton (2019)
Adaptação do livro de Jonathan Lethem, um romance policial que o próprio Edward Norton adaptou para um roteiro cinematográfico. Norton alterou a época da história original, que se passava em 1999, para o ano de 1957. O filme me remeteu bastante ao clássico de John Houston, “Chinatown”, por tocar em assuntos semelhantes: uma história de estupro que traz discórdia em uma família importante e aristocrática, e a ambição de empreendedores que querem desalojar famílias pobres de uma região para ali, criar um grande empreendimento imobiliário e arquitetônico. Norton também trouxe tintas de filme noir, com direito a narração em off e muitos tipos suspeitos.
Norton é Lionel Essrog, um detetive particular que trabalha para Frank ( Bruce Willis).Frank é morto em uma emboscada, Lionel tem a missão de descobrir quem o contratou e quem o matou. A busca vai lhe botar de frente com Moses (Alec Baldwin), um empreendedor que quer construir pontes; Laura Rose (Gugu Mbatha-Raw), uma jovem negra militante da resistência dos moradores pobres que não querem abandonar suas casas, e Paul (Willem Dafoe), um homem misterioso que faz a conexão entre todos.
Com quase 150 exagerados minutos, “Brooklyn sem pai nem mãe” é um ótimo exercício que homenageia o policial noir. Tocando em temas atuais como racismo, ganância de mega empresários, desalojamento de pobres de regiões de futuro promissor, o filme traz Lionel como portador de uma doença, a síndrome de Tourette. Em outros filmes, quando representada, ao Tourette faz os personagens desfilarem palavrões e xingamentos intermináveis. Aqui, os palavrões foram amenizados para expressões menos duras, e curiosamente, traz um tipo de humor para o personagem de Lionel que destoa do filme que é apresentado. Norton é ótimo ator, mas seu personagem cheio da cacoetes às vezes parece exagerado. De qualquer forma, o super elenco manda bem nos papéis, e o filme tem dignidade e estofo o suficiente para torna-lo uma excelente opção de passatempo. Mais cerebral e menos descartável, é um filme que exige constante concentração, por conta do excesso de sub-tramas e reviravoltas.
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