sexta-feira, 27 de dezembro de 2019
Arco-íris sem cores
"Cau vong khong sac", de Tuyen Quang Nguyen (2015)
O cinema LGBTQI+ no Vietnã faz parte de um movimento recente. O primeiro filme com temática queer data de 2011, "Lost in Paradise". A sociedade do Vietnã sempre foi bastante conservadora e homofóbica, mas de uns anos para cá, o pensamento sobre casamento gay e cultura queer mudou bastante. "Arco-íris sem cores" se tornou uma das maiores bilheterias do País, e o filme toca justamente no ponto da aceitação da família e da sociedade em relação a ter um filho gay.
Só que o diretor e roteirista Tuyen Quang Nguyen resolveu caprichar no melodrama e nos exageros que somente a novela mexicana possui e fez do drama romântico uma experiência única: um dos roteiros mais bizarros que já vi, atuações amadoras e canastronas, totalmente gritadas e uma trilha sonora onipresente, preenchendo qualquer segundo do filme com piano e um vocal melódico de envergonhar Mariah Carey. Sim, o filme é ruim, mas ao mesmo tempo, é divertidíssimo. É tudo tão inacreditável, que acabei achando tudo maravilhoso.
Hung e Huang são dois irmãos que vivem em harmonia com os pais, Huang é filho biológico, e Hung é adotivo. O casal aind atem uma outra filha. Desde pequenos, Hung e Huang são bastante unidos. Já crescidos, Hung quer ser pintor, e Huang, cantor. O que a família não sabe, é que os dois são apaixonados um pelo outro. Quando o pai descobre, prefere ficar calado. Mas quando a mãe descobre, ela surta, enlouquece. Obriga Hung a colocar um vestido feminino e o expulsa de casa. AGORA PRESTE ATENÇÃO NO DESENROLAR DA HISTÓRIA E SEU DESFECHO, TUDO COM TRILHA SONORA ININTERRUPTA.
Hung corre pela estrada, vestido de mulher. Huang vai atrás, decidido a fugir com ele. Só que uma van surge e quando vai atropelar Huang, Hung se coloca em seu lugar e acaba morrendo. A família surge, se desesperam. A mãe começa a colocar culpa nela mesma. Huang foge pela estrada, enlouquece. Passam-se anos, e Huang vaga pelas ruas vestido de noiva, mentalmente perturbado. Não sabe mais quem é. A criançada da vizinhança joga pedras e ixo e o chamam de "Gay louco". O pai, para atrair sua atenção para casa, começa a tocar a música que Huanga compôs para Hung. Huang surge. Quando a mãe aparece, ele enlouquece de novo e foge. A família vai atrás dele, até mesmo o cachorro. Quando alcançam o cemitério aonde está enterrado Hung, ouve-se uma voz do além: é Hung, pedindo para Huang perdoar a mãe e voltar para casa. O ano é 2028. Corta para 2035, 7 anos depois. Huang agora é intr. Quando pinta a paisagem, v&e na sua frente dois meninos, projetando neles o amor que teve por Hung.
Tentei descrever o roteiro do filme, mas de verdade, é uma tarefa impossível. Só vendo para crer. ara se ter uma idéia, o prólogo começa como um filme de terror: Huang vaga como um zumbi pelas ruas d enoite, assustando sua mãe, que acorda aos gritos.
Para quem gosta de um trash, o filme é uma pedida imperdível. Valeram todas as boas intenções de botar em pauta a questão da homofobia e aceitação da homossexualidade dentro da própria família.
O filme concorreu no prestigiado Festival internacional de cinema de Moscou.
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