domingo, 23 de outubro de 2016

Paraíso aqui vou eu

"Paraíso aqui vou eu", de Cavi Borges e Walter Daguerre (2011) Comédia dramática filmada em 2011, participou do Festival do Rio no mesmo ano, na Mostra novos rumos, e ganhando no ano seguinte o Prêmio de melhor trilha sonora para Plinio Profeta, no Festival de Sergipe. A história do filme remete à desilusão de uma geração de idealistas e intelectuais, que se conheceram no final dos anos 70, namoraram ouvindo músicas da Blitz, Metrô, Léo Jaime e outros grupos pops nacionais e no decorrer das décadas seguintes, se entregaram ao lugar comum. Nesse ponto, o que restou foi a separação, tanto física quanto intelectual desse casal. Eles são Francisco ( Guilherme Piva) e Sara ( Solange Badim). Ele de dedica a escrever colunas para jornais de bairros, ela é uma professora. Francisco fantasia a ida até a Austrália, para encontrar Chicão ( Álamo Facó), um amigo virtual surfista que ensina a ele o lado bom da vida: se entregar aos prazeres que ela lhe proporciona. Melancólicos e sem estímulos para seguir adiante, ambos encontram na figura da jovem Penélope (Natália Garcez), 21 anos, a chama que existia neles a décadas atrás. O problema é que ambos namoram a menina, sem saber que a mesma está tendo caso com o outro. É assim que se desenvolve o triângulo amoroso desse filme que é um delicioso híbrido de vários filmografias ícones. É um filme que veio como resultado de uma geração de Cineastas cinéfilos. Cavi Borges e Walter Daguerre homenageiam o cinema de Woody Allen, os filmes de início de carreira de Almodovar, Bergman, Kubrick e outros grandes. As referências são ótimas. Com uma estrutura dramatúrgica que me remeteu a 2 grandes filmes, um clássico e outro recente: "Nós que nos amávamos tanto", de Ettore Scola, e "A vida secreta de Walter Mitty", de Ben Stiller. Do primeiro, vem a geração que ousou um dia sonhar e que encontrou portas fechadas pelo caminho, se entregando à nostalgia. Do filme de Ben Stiller, veio a vontade de se entregar à fantasia, como uma forma possível de encarar as dificuldades da vida. Dificuldades estas que passam até pelos bastidores do filme. Inicialmente uma peça teatral, o filme acabou acontecendo antes, resultado de uma verba de pouquíssimo valor que viabilizou o filme. Equipe formada por amigos, atores que toparam fazer no amor à arte e muito desejo de colocar a voz em um projeto que ressoasse como porta voz de uma geração que quer mostrar o seu valor, por trás e na frente das câmeras. A trilha sonora, brilhante. resgate grandes clássicos pop dos anos 80 e dá uma roupagem nova, com outros cantores. É como se o casal protagonista, que viveu intensamente uma época, quisesse trazer essa nostalgia para a garotada de hoje, em roupagem nova, para dizer que sim, um dia foram felizes, e que essa energia ainda pode voltar a reacender. Destaque para aa antológica cena final, no táxi, com a participação de Tonico Pereira, brilhante na atuação e no texto, comovente, que fala sobre acreditar e confiar no seu sonho. Um filme pouco visto, e que merece ser resgatado. Para quem não conseguiu assistir ao lindo filme, segue o link https://www.youtube.com/watch?v=E9yTWERs-ag

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