"Millenium Mambo", de Hou Hsiao-Hsien (2001)
O cineasta chinês é dono de uma filmografia bastante eclética em termos de gêneros. Tem drama, ação, fábula, romance, épico. "Flores de shanghai", "Café Lumiére" (uma homenagem ao cinema de Ozu), "A assassina", "A viagem do balão vermelho"...Mas é em Millenium Mambo", onde o cinema de Hou Hsiao Hsien se aporxima de seu conterrâneo WOng Kar Wai, mais precisamente, com "Amor à flor da pele", lançado um ano antes, Hou traz o mesmo fotógrafo, Lee Ping Bin, e narra uma história de amor dolorosa embalada com cores e música. Sö que ao contrário do filme de Wong Kar Wai, que emula os anos 6, aqui são os frenéticos anos 2000 da Taiwan contemporânea, moderna, dos neons, boites e música eletrônica. Drogas sintéticas trazem texturas dramáticas à história de Vicky, (Qi Shu, protagonista de quase todos os filmes de Hou) , uma jovem que trabalha em uma boite. Ela mantém um relacionamento abusivo e tóxico com Hao Hao, o Dj da boite, drogado e envolvido com roubos. Mas quando Vicky conhece Jack, um gangster carinhoso com ela, a sua relação com Hao Hao se torna um poço de ciúmes.
Altamente estilizado, o filme é belíssimo visualmente. A fotografia, a direção de arte, tudo traz um olhar sobre uma cidade da grande
metrópole que enfatiza a solidão de seus moradores. Hou Shiao Hsiang traz performances naturalistas de seu elenco, em uma trama que traz elementos de filme policial. O cinema de Hsiao Hsiang não é para todos, é uma narrativa lenta, pautada no tempo cinematográfico, no respiro, sem grandes arroubos de roteiro. Um must entre os cinéfilos, o filme foi premiado em diversos festivais, incluindo Cannes, de onde saiu com um prêmio tecnico.
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