"Antonio um dois três", de Leonardo Mouramateus (2017)
Quando Walter Salles lançou "Terra estrangeira" em 1995, a relação entre Brasil e Portugal retratada no seu filme era bastante sombria e desesperançosa, uma reflexão sobre um governo desastroso no Brasil, pós Collor. Leonardo Mouramateus, premiado curta-metragista, lança seu primeiro longa em uma proposta bastante ousada para um filme de baixo orçamento e independente: filmar em Lisboa. Mouramateus se mudou para Portugal para estudar na Faculdade de Belas Artes e ali se fixou. Seu filme continua falando sobre uma geração sem futuro, solta, sem grandes projetos e com o desejo de fazerem o que bem querem. Diferente do filme de Walter Salles, sai o ar sombrio, entra o existencialismo. "Antonio 1um dois três"remete mais à trilogia de Truffaut, protagonizados por Antoine Doinel, sobre um jovem que vive em conflitos amorosos, profissionais e pessoais: "Os incompreendidos", "O amor aos vinte anos", "Amor em fuga". Não à toa, o protagonista aqui também se chama Antonio (Mauro Soares, excelente). Após seu pai descobrir que durante mais de um ano ele não frequenta a faculdade, Antonio foge e vai se refugiar na casa de amigos que lidam com arte. Antonio participa do grupo teatral e de uma montagem de uma peça. Mas cansado de tudo, se refugia na casa de uma ex-namorada brasileira.
O título se refere às três histórias vivenciadas por Antonio, e se tivesse reticências, poderia ser as tantas tentativas que o protagonista tenta se ajustar na vida. É um filme interessante, mas o excesso de experimentalismo na narrativa, buscando influências da Nouvelle Vague, o deixa com um ritmo bastante lento e morno. Mas ainda assim, vale ser visto, pela urgência em se falar de jovens desconectados com o sue mundo. O filme concorreu em importantes Festivais, como Rotterdan e Mostra de São Paulo.
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