sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Os oito odiados

"The hateful eight", de Quentin Tarantino (2015) A escritora inglesa Agatha Christie encontrou o cineasta que melhor conseguiu transpôr uma obra sua para o Cinema. Esse alardeado e excepcional 8o filme de Tarantino é isso: um Hercule Poirot ambientado na época dos Estados Unidos da Secessão americana, da divisão Sul e Norte, brancos e negros. Uma época onde negros e mulheres não tinham voz, e mexicanos eram apenas os bandidos. As 3 horas de duração desse grande Teatro em 2 atos ( dentro da cocheira e dentro da estalagem) afirmam o que todo cinéfilo já sabia: Que Tarantino é um excelente diretor de atores e de construção de personagens. E que diálogos primorosos: A gente fica entre altas gargalhadas nervosas a momentos verdadeiramente tensos. E isso tudo confinado a lugares fechados. Quem manda no filme são os personagens, e por sua, vez, os atores sensacionais que Tarantino escalou : Samuel L Jackson, Jennifer Jason Leigh, Tim Roth, Bruce Dern, Michael Madsen, Walton Goggins, Demián Bichir, Kurt Russel e James Parks brincam de mocinho e bandido numa trama onde ninguém é o que aparenta ser. A história gira em torno de Daisy Domergue (Leigh). Ela é uma bandida levada para ser enforcada por um caçador de recompensas, Joe ( Russel). No caminho, ele dá carina para 2 estranhos: Major Warren (Samuel L. Jackson) e O Sherife Chris (Walton Goggins). Pegos por uma nevasca, eles são obrigados a ficar em uma estalagem, onde outros homens se encontram presentes. Começa uma brincadeira de gato e rato para descobrir a verdadeira identidade de cada uma das pessoas ali presentes. Não dá para contar muita coisa pois corre-se o risco de contar spoilers. O que posso dizer é que a fotografia e a tela panorâmica do filme são fodas, a trilha de Morricone é bacana e que a edição do filme é muito genial. Mas atenção: é um filme extremamente verborrágico, porém diálogos inteligentes e ácidos, uma metralhadora giratória que atira para os negros, as mulheres e os hispânicos. O roteiro bem construído, vai trazendo novas informações a cenas que foram exibidas anteriormente. Vai ter muita gente odiando a construção teatral do filme. ë como se fosse uma peça de teatro de Agatha Christie encenada num palco de cinema. Tem que se prestar atenção a todos, mas todos os detalhes. Tarantino brinca com ícones pop do cinema, entre eles, Doris Day no filme "Ardida como pimenta", através de uma das personagens. Um grande filme em todos os aspectos, e torço para que as pessoas curtam o filme pela sua sagacidade e inteligência, e não o esnobem pela sua teatralidade. Pelo menos sangue e gosmas, o filme vai ter de montão, para quem espera por isso. Para detratores que queiram encontrar misoginia e racismo no filme, vão ter o que discutir nos bares. Nota: 10

Um comentário:

  1. Cara, definiu bem o filme! Este na minha opinião deveria estar pelo menos na lista de melhor filme do Oscar.

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