domingo, 24 de janeiro de 2016

De cabeça erguida

"La tête haute", de Emmanuelle Bercot (2015) Filme de abertura do Festival de Cannes 2015, o drama "De cabeça erguida" é dirigido e escrito por Emmanuelle Bercot, que realizou o excelente "Ela vai", com Catherine Deneuve, e como atriz, venceu a Palma de Ouro em Cannes 2014 pelo filme "Meu rei". Emmanuelle Bercot pegou a cartilha dos cineastas belgas Irmãos Dardenne e fez um filme conforme eles fariam exemplarmente: um protagonista marginalizado pela sociedade, uma câmera que o segue o tempo todo e um desfecho humanista. Aqui, no entanto, Emmanuelle Bercot faz mais do que isso: ela realiza um filme ufanista. No caso, o patriotismo pela França, exacerbado, mas pelo visto, necessário nesses tempos de crise econômica e social na Europa. Malony, 6 anos, é levado para o Juizado de menores pela sua mãe, após a denúncia de que o menino comete roubos. A juíza Florence ( Deneuve) critica a educação da mãe, que s eexalta e abandona a criança. Passam-se 10 anos, voltamos à mesma sala da juíza. Agora aos 16 anos, Malony ( Rod Paradot), é condenado a passar 6 meses em um reformatório. De temperamento explosivo e irrecuperável, Malony fará sua via crucis, sendo auxiliado pela juíza e pelo seu monitor, Yann ( Benoît Magimel), ele mesmo um ex-reformado. O que realmente chama atenção nesse filme intenso é o excelente trabalho dos atores. Rod Paradot estréia em cinema aqui, e é fenomenal o seu trabalho. Bruto, enérgico, comovente, o personagem lembra bastante o de Antoine-Olivier Pilon no filme "Mommy", de Xavier Dolan. Ele passa o filme quase que todo gritando. Catherine Deneuve é uma força da natureza, é a atriz que todos veneramos e que jamais desaponta, mesmo em filmes medianos. É comovente sua última cena. Benoit Magimel, de "A professora de piano", também está ótimo, assim como Sara Forestier, no papel da mãe de Malony. "De cabeça erguida"é um filme otimista, onde a justiça e seus funcionários são retratados de forma positiva, se empenhando ao máximo para corrigir os menores infratores. Ninguém é corrupto, todos são conflitantes no seu papel de elevar o ser humano ao grau máximo de humanidade. O filme é longo e isso o prejudica, ele fica arrastado e perde o ritmo. A mensagem também pode ser edificante demais, mas entendo a necessidade de se fazer um filme que louve a virtude do ser humano aparentemente sem solução. Posso ver o filme como uma fábula. E assim, ficar satisfeito com a sua trajetória. Nota: 8

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