segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Um dia

“Egy nap”, de Zsofia Szilagyi (2018) Absorvendo todas as lições da filmografia de John Cassavettes ( atuação naturalista, tempo real, enfado da vida cotidiana, observação da natureza humana), a Cineasta húngara realiza o maior filme de super heroína que nenhum personagem da Marvel ousou encarnar: a da mulher casada, trabalhadora, mãe de três filhos pequenos, que prepara café da manhã, jantar, leva os filhos pra escola, balé, esgrima, vai pra os eventos escolares das crianças, dirige carro, enfrenta trânsito, briga com motorista, sofre com problemas de encanamento, tem péssima relação com sua sogra, cuida do filho doente, discute cronograma de aula com a sua chefe, e para concluir, precisa arrumar tempo para administrar o caso extraconjugal de seu marido, que a está traindo. Anna ( Zsofia Zsamosi, excelente mas varias emoções) carrega o filme nas costas, nesse filme de olhar totalmente feminista, onde os personagens masculinos, mesmo os coadjuvantes ou figurantes, agem em postura totalmente machista ( até mesmo o filho pequeno). O filme ganhou o Prêmio Fioresci da Crítica em Cannes na Mostra “Semana da Crítica”. Não é um filme fácil de se assistir. De forma simplista, parece que o recado dado é: casamento e filhos destroem qualquer relação. Mas é mais do que isso. É a luta de uma mulher que fez suas escolhas de vida, e precisa administrar de forma estratégica todas as tarefas que lhe são esperadas realizar e cumprir. E a vida segue assim, nessa rotina exasperante, um grito de socorro em silêncio.

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