segunda-feira, 26 de novembro de 2018

A balada de Buster Scruggs

"The ballad of Buster Scruggs", de Joel e Ethan Coen (2018) Exibido no Festival de Veneza 2018, de onde saiu com o Prêmio de melhor roteiro, "A balada de Buster Scruggs" foi financiado pela Netflix, o que é uma pena, por conta da potencialidade cinematográfica em tela grande. Não é um filme para a tela pequena. A fotografia extraordinária de Bruno Delbonnel ( de "Amelie Poulain") , explora com requintes de obra de arte as locações desse faroeste que ao mesmo tempo que parece uma homenagem aos filmes de John Ford (batalha com índios, cenas longas dentro de carruagens, caçada ao ouro, etc) , traz o que os irmãos Coen têm de melhor: muito humor negro, lirismo, bizarrice, surrealismo e violência extrema. O filme é dividido em 6 episódios, todos extraídos de um livro que é folheado ao longo da narrativa, algo como "Era uma vez..". Ep 1- A balada de Buster Scruggs. Buster Scruggs é um perigoso fora da lei apesar de não aparentar, por conta de sua fisionomia franzina ( uma performance insana de Tim Blake Nelson). Misto de faroeste e musical surreal, o filme mostra os duelos de uma forma totalmente inusitada e debochada. Ep 2- Near Algodones. James Franco interpreta um assaltante de bancos que é condenado à forca. Mas quiz o destino que ele tenha o seu destino traçado de outra forma. Esse episódio é o mais curto e o mais engraçado de todos. Ep 3- The meal ticket. Esse é o episódio mais melancólico e contundente de todos. O final é arrebatador. Lian Neeson interpreta um mestre de cerimônias, cuja estrela de seu show é um poeta sem braços e sem pernas ( linda performance de Harry Melling. Mas o público vai ficando cada vez menor, e o homem precisa mudar o show. Um show de direção e técnica, numa metáfora sobre o que é Arte nos dias de hoje. Ep 4- All gold Canyon- Esse é o episódio que eu mais gostei, muito por conta do tom de fábula à La Walt Disney, quanto pela perfomance impecável de Tom Waits, no papel de um velho garimpeiro obcecado em encontrar ouro. Merecia prêmio de melhor curta. Ep 5- The gal who got ratted poderia ter sido um dos grandes episódios do filme, mas a sua longa duração lhe tira sua força, apesar do desfecho totalmente inesperado e cruel. O filme começa como drama, emenda em romance e termina em uma grande batalha. Linda atuação de Zoe Kazan no único papel feminino de peso do filme Ep 6- The mortal remains- Esse episódio poderia ter sido retirado do filme, que tem quase 130 minutos de duração. É chato, apesar dos bons atores, e acontece todo dentro de uma diligência ( uma homenagem explícita ao filme de John Ford, "No tempo das diligências"). O desfecho pode ser encarado como uma metáfora sobre a morte, tema comum a todos os episódios.

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