sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Mormaço

"Mormaço", de Marina Meliande (2018) Primeiro longa solo de Marina Meliande, que já co-dirigiu alguns trabalhos com Felipe Bragança ( A alegria, A fuga da Mulher gorila, "Mormaço" é um raro filme brasileiro que fala da crítica social e o traz a um filme de gênero. Terror? Fantasia? Realismo fantástico? Cada espectador interprete de sua forma, mas é inegável entender a grande referência do cinema de Polansky à obra, principalmente, "Repulsa ao sexo". O filme começa grandioso, mostrando grandes planos da cidade do Rio de Janeiro, decadente, opressora, suja, e vai acabando de forma claustrofóbica no apto da protagonista, Ana (Marina Provenzzano, excelente), uma defensora pública. O filme se passa às vésperas das Olimpíadas no Rio de Janeiro, e o governo quer desalojar uma comunidade que mora na área do Autódromo. Ana é responsável em defender os moradores. Ao mesmo tempo, ela está sendo desalojada de seu apartamento na Zona Sul, que será destruído para a construção de um hotel.Ana vai se deixando consumir psicologicamente, seu corpo vai aos poucos apodrecendo, uma metáfora de tudo o que passa ao seu redor: corrupção, sujeira, maus tratos, injustiça social, desemprego, falta de moradia. As pessoas reparam em suas manchas, feridas, mas não ha médico que resolva. O filme conta com o excelente trabalho de Marina Provenzzano, vista recentemente em "O grande circo místico", de Analu Prestes e do jovem ator Pedro Gracindo, muito bem no papel do representante da construtora. A direção de Marina segue lenta, para que o espectador se sinta desafiado nessa fábula de um pesadelo sem fim. Os efeitos de maquiagem são muito bons, e também a atmosfera impregnada ao filme. O filme lembra "Era o Hotel Cambridge", de Eliane Café, pela mistura de atores e dos desalojados reais, dando mais verdade oa projeto. Recomendado.

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