quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Faca no coração

"Un couteau dans le coeur", de Yann Gonzalez (2018) Uma homenagem às filmografias de François Ozon, Dario Argento e Pedro Almodovar, "Faca no coração" é uma ousada fantasia LGBTQ+ de serial killer que concorreu à Palma de Ouro em Cannes 2018. O início do filme é uma referência explícita ao prólogo de "Parceiros da noite": um rapaz se deixa seduzir pelo flerte de um estranho de máscara de couro. Os 2 vão até o quarto de um motel. Na hora da transa, o estranho retira um vibrador, que na verdade, esconde um punhal em seu interior e mata o rapaz. Descobrimos depois que a vítima é um ator pornô da produtora de filme eróticos gays de Anne (Vanessa Paradis). O ano é 1979, quando os filmes pornôs ainda eram filmados em película e exibidos em salas de cinema, um pouco antes do advento do VHS que acabou com esse tipo de exibição. Anne está em crise pessoal por conta de sua relação com sua montadora, Lois, de quem se separou há pouco tempo mas não consegue esconder a sua tristeza. Paralelo, outros atores pornôs vão sendo assassinados, e Anne precisa tentar descobrir o paradeiro do assassino. O Cineasta e roteirista Yann Gonzalez realizou em 2013 o cult erótico "Os encontros à meia noite". Já nesse filme, a linguagem de Yann Gonzalez já era bastante presente: uma referência visual aos anos 80, com cores fortes, neons, trilha sonora de sintetizadores do ótimo grupo M83, fotografia estilizada e muita afetação. Em "Faca no coração", tudo é bastante exagerado: as interpretações, o visual, conferindo um charme Kampf ao filme. Não é um filme perfeito, mas vale ser visto pelo sua ousadia e pela homenagem ao mundo basfond gay da época. Vanessa Paradis, que nos anos 80 explodiu como cantora com a música regravada por Angelica "Vou de táxi", tem uma aura de Diva de Filmes B, e está excelente no papel.

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