terça-feira, 20 de novembro de 2018

Corpo estrangeiro

"Strano telo", de Dusan Zoric (2018) Curta Sérvio que concorreu na Mostra Oficial do Festival de Veneza 2018, certamente é um dos filmes mais ousados e polêmicos a que assisti recentemente, e que deve provocar a ira das feministas. O filme apresenta cenas de sexo explícito e violência, e os dois atores principais, Marko Grabez e Miodrag Dragicevic se entregam por inteiro aos seus personagens viscerais. Em 1994, "Marko" é um menino de 4 anos de idade. "Miodrag" é uma adolescente e ela narra em depoimento ter sido estuprada por 2 soldados sérvios durante a Guerra da Bósnia. Corta para os dias de hoje. "Marko", já adulto, resolve ir até uma balada para encontrar uma garota e transar com ela, sem compromissos, uma forma de provar a sua masculinidade para os seus colegas de natação. Ele acaba conhecendo "Miodrag", uma mulher mais velha. Ela o leva para a sua casa, e transam. No entanto, "Miodrag" pede para que "Marko" a espanque. de início, ele se assusta, mas acaba descobrindo em sia uma agressividade que ele mesmo desconhecia. A cena de sexo explícito, em um plano-sequência, é de uma naturalidade que me deixou perplexo. O filme parte de uma polêmica premissa de que a mulher que possui trauma de violência sexual, acabou contraindo esse vício para a sua vida pessoal. A vítima do estupro sai em busca de homens na noite para que eles a espanquem, como se reproduzissem o estupro. E pior: parte do princípio de que dentro de cada homem, por mais pacato que seja, existe um estuprador adormecido. Sendo bom ou sendo ruim, é inegável a coragem do realizador Dusan Zoric. Vale lembrar que a Sérvia é o mesmo País que produziu um dos filmes mais chocantes da história do Cinema, "Um filme Sérvio".

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