segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Amor até as cinzas

"Jiang hu er nv/Ash is purest white", de Jia Zhang-Ke (2018) O Cineasta chinês mais premiado da atualidade, Jia Zheng-Ke, autor das obras-primas "Em busca da vida", "Um toque de pecado", "As montanhas se separam", e tema do documentário de Walter Salles, fã confesso. concorreu em Cannes 2018. Como sempre, Zheng-Ke trabalha com sua atriz fetiche e esposa, Zhao Tao, e escalou também o excelente ator Fan Liao, premiado em Berlin Melhor ator pelo policial "Carvão negro, gelo fino". O filme fala sobre temas comuns à filmografia de Zheng-Ke: a transformação da China contemporânea, tanto geograficamente, quanto culturalmente. Solidão, amores trágicos, a contradição de valores e costumes milenares com contemporâneos. A China é grande, e Zheng-Ke sempre mostra isso em seus filmes, seja nas paisagens grandiosas, quanto na sensação que o personagem está solitário, mesmo que caminhando ao lado de centenas de pessoas. Qiao namora o mafioso Bin. Em determinada noite, ela o defende de ser morto por gangue rival, e acaba sendo presa por porte de arma. Interrogada de quem é a arma ( que pertence a Bin), ela mente e diz que é dela, para poder defender o amado. Cinco anos presa Quiao é solta e quer ir em busca de Bin, que sumiu e que não foi visitá-la na prisão. Com a fotografia do francês Eric Gautier, de "Na natureza selvagem" e "Diários da motocicleta", o filme emociona, e tem uma cena de luta fantástica. A história de amor e lealdade de Quiao a Bin ganha contornos trágicos, e a parte final, mesmo inferior ao início do filme, é belamente triste. Um dos elementos que mais amo no cinema de Zheng-Ke é o uso da trilha sonora, repleta de clássicos dos anos 70 e 80. Em "As montanhas se separam", "Go west", do Pet Shop Boys toca várias vezes. Aqui, "Ymca", do Village People", traz uma cena maravilhosa que acontece na boite.

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