sábado, 24 de novembro de 2018

Morto não fala

"Morto não fala", de Dennison Ramalho (2018) Diretor dos cultuados curtas "Ninjas" e "Amor de mãe", Denisson Ramalho ocupa na cinematografia brasileira um espaço honrado de um dos Maiores Diretores de filmes de gênero reconhecido em Festivais do mundo inteiro. "Morto não fala" foi exibido em vários Festivais, entre eles, BFI Film Festival, Sitges e Fantasia. Com um roteiro ousado e bastante criativo do próprio Denisson e de Claudia Jouvin, apostando em uma mistura deliciosa de filme de terror com a realidade da violência urbana da periferia da grande São Paulo ( traficantes, desemprego, dificuldade econômica, assassinatos), o filme encontra no seu elenco a grande força que precisa para ser reconhecido por uma parcela da platéia que ainda vê os filmes de terror com certo desdém. Daniel de Oliveira, Marco Ricca, Bianca Comparato e principalmente a grande performance insana e corajosa de Fabíula Nascimento, em seu melhor papel no Cinema. Parabéns pela coragem desses atores consagrados de terem acreditado e apostado nesse filme tão bizarro e ao mesmo tempo tão excepcional. Stenio (Daniel de Oliveira) trabalha em um necrotério e tem o dom de poder falar com os mortos. Ele desabafa a sua vida com os mortos, da mesma forma que os mortos com ele. Stenio mora em uma comunidade pobre da periferia de São Paulo. Sua esposa, Odete (Fabíula) almeja uma vida melhor. Os dois têm 2 filhos pequenos. Quando um morto conta um segredo para Stenio, ele se utiliza disso para poder se vingar de Odete. Essa vingança irá provocar uma catarse na vida de Stenio e de seus filhos. A parte técnica do filme, fotografia, edição, direção de arte e claro, a maquiagem e efeitos, estão todos de alto nível. Claro, por ser uma homenagem ao Filme B, os efeitos de maquiagem às vezes sôa grotesco, mas o fã de terror sabe que isso faz parte da concepção. "Morto não fala" é um filme que merece ser visto, é um filme diferente, original, com uma idéia incrível que entrega personagens que não não mocinhos nem bandidos, apenas pessoas comuns às vezes em um dia ruim. A cena de Fabíula e Marco Ricca sendo achacados pelos traficantes é um primor de realização. O filme venceu no Festival Rio Fantastik 2018 os prêmios de Melhor Atriz para Fabíula, e de melhor Diretor pela crítica.

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