segunda-feira, 12 de novembro de 2018

3 Faces

"Se rokh", de Jafar Panahi (2018) Vencedor da Palma de Ouro em Cannes 2018 de melhor roteiro, "3 Faces" é um libelo à favor da Arte e do Artista. Mas por ser um filme de Jafar Panahi, famoso no mundo todo por ter sido punido pelo Governo iraniano de continuar filmando e em exílio domicilar, o filme também fala sobre a linha dura do Governo, a ausência de Liberdade, seja do Artista ou da Mulher na sociedade iraniana. Fora isso, o filme discute o contraste entre o Irã moderno (Teerã, das artes, do cinema, da modernidade) com o Irã das vilas, de cultura milenar, quase na idade da pedra, com suas tradições arcaicas, mas unidos pelo Amor ao Artista, no caso a atriz famosa (Panahi cutuca a seu favor quando diz que o povo conhece os atores, mas não sabem quem são os Cineastas). Logo no seu prólogo, o filme discute ao limite entre o real e a ficção, assim como Panahi já tinha feito em "Taxi Teerã": o que estamos vendo é real ou uma representaçãp"? Uma jovem, Marziyeh, em imagem de vídeo gravado em um celular, dá um depoimento direcionado à famosa atriz iraniana Behnaz Jafari: ela diz que sua família é contra ela ir até Teerã estudar Cinema, e a forçaram a se casar. Descontente e sem apoio, ela resolve se suicidar. CORTA PARA: Behnaz Jafari aflita, vendo esse vídeo com o cineasta Jafar Panahi ( ambos interpretam a si mesmos). O vídeo é real ou fake? Os 2 decidem seguir até a vila onde a menina mora para descobrir a verdade. O que eles encontram, são moradores que regem suas vidas em cima de crendices, o que rende risadas de Jafari e Panahi. Logo, os 2 vão se habituando a esse estranho universo arcaico, mas que também, possuem celulares e televisores. Através da personagem de Marziyeh, que é proibida de estudar e trabalhar com Cinema, Panahi fala de si mesmo, de sua proibição de exercer aquilo que mais ama. O cinema é tema durante o tempo todo no filme. Vários personagens comentam sobre o poder ilusório que a sétima arte traz neles. O filme tem várias cenas antológicas, mas a que mais me diverti, foi a da idosa que dorme em sua lápide, que ela chama de sua última morada. Genial.

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