quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

O lamento

"Goksung", de Na Hong-jin (2016) Exibido fora de competição em Cannes 2016, "O lamento" foi dirigido pelo mesmo realizador dos eletrizantes e violentos "O caçador" e "Rio amarelo". Na Hong-Jin é um Mestre na arte de contar uma história com tensão, se utilizando de um roteiro sempre construído para criar suspense, fazendo reviravoltas em sua trama. A edição de seus filmes também são perfeitos, criando histórias paralelas que deixam o espectador em pânico. Em "O lamento", a gente nunca sabe o que irá acontecer. Em mais de 2:30 hrs, o filme que até então começou como uma comédia de humor negro, vai se transformando em um thriller de terror. Vemos referências óbvias a "O exorcista" e muitos outros clássicos do gênero. Em determinado momento, até um zumbi aparece. E esse é o grande mérito do filme: não querer se explicar demais, e deixar as coisas acontecerem. A cena mais assustadora, é uma sessão de exorcismo realizada por um Xamã. A cena fica insuportavelmente tensa, além de ser visualmente incrível, sedutora na sua realização. A história se passa em um vilarejo nas montanhas. Estranhos crimes estão acontecendo ali: famílias inteiras estão sendo assassinadas por algum familiar, que enlouquece. A população acha que um cogumelo é a causa do acesso de fúria, enquanto outros acham que o responsável é um velho japonês misterioso que mora nas montanhas. O policial Jong Goo se desespera quando sua filha está começando a ter os sintomas da doença e vai procurar o velho japonês. A sogra de Jong Goo acredita que ela está possuida por um espírito e manda convocar um Xamã. Não dá para contar muita coisa sobre o filme, pois qualquer informação poderá seu usada como spoiler. De qualquer forma, é um filme instigante e com um terço final aterrador. Uma pena que muita gente aficionada pelo terror deixará de ver o filme pela sua longa duração ou pela sua nacionalidade. A trama está aberta a muitas interpretações, e se utiliza de muitos simbolismos, principalmente cristãos. Na Hong- Jin é um excelente diretor, e de verdade, sabe criar atmosfera como poucos. Achei divertido pois h;a quem ache que o filme é uma crítica à colonização japonesa na Coréia na segunda guerra. Tudo é possível. Prestem atenção no lindo trabalho da jovem atriz Kim Hwan-hee, no papel da filha do policial. Ela está incrível e sua atuação é comovente.

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