segunda-feira, 19 de dezembro de 2016
Neruda
"Neruda", de Pablo Larraín (2016)
Em 2014, foi lançado nos Cinemas um filme chileno chamado "Neruda", que narrava a fuga do Poeta e senador Pablo Neruda pelas montanhas dos Andes em 1948, quando ele foi caçado pela Polícia pela sua filiação ao partido comunista. Em 2016, o cineasta chileno Pablo Larraín lança um filme chamado "Neruda" e exatamente com o mesmo plot. O que diferencia os 2 filmes? A mão do Diretor e sua opção estética em conduzir uma história excitante.
Enquanto Manoel Basoalto preferiu uma narração mais careta, Larraín optou pelo lúdico e pela estilização. O seu filme é uma brilhante homenagem ao Cinema Noir, e para isso, ele se apropriou de uma narração em Off e de protagonistas contraditórios. Neruda é apresentado como um homem admirado pelo povo, pelos intelectuais, pelo Partido comunista e pelas mulheres, mas também vemos o seu lado mulherengo, e principalmente, uma postura "Fashion Comunista", regado a champagnes, bordéis, mulheres e festas. Tanto que em um dos diálogos mais brilhantes do filme, em um encontro Comunista, uma mulher, emocionada, pergunta a todos se o comunismo vai pender para o lado de Neruda, ou o dela, que há 11 anos lava privadas de burgueses.
O outro protagonista é o inspetor Óscar Peluchonneau, vivido por um Gael Garcia Bernal totalmente calcado em estereótipos dos detetives Noir, algo meio Humphrey Bogart. Essa brincadeira estilística deu muito certo: a fotografia, o back projection nas cenas dos carros, a trilha sonora, as interpretações, tudo remetem ao cinema policial impostado e vigoroso dos anos 40, época em que o filme se passa. Larraín é um diretor excepcional, já tendo realizado os excelentes "Tony Manero", "No", Post morten"e "O clube".
O filme é uma bela brincadeira cinéfila, e Larraín apostou no lúdico, poético e na livre interpretação dos fatos para conduzir com maestria a história. A parte final lembra muito o filme de Inarritu, "O regresso', na perseguição nas montanhas geladas.
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